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Ficha completa do filme

Ação,Suspense

22 Balas (2010)

Resenha por Claudio de Souza

Claudio de Souza

Da redação 10/09/2010
Nota 2
22 Balas

Lançado nos cinemas da França em março último e trazido agora ao Brasil apenas em DVD, ''22 Balas'' (em francês, ''L'Immortel'', ou ''o imortal'') é uma tentativa de liquidificar, em meros 115 minutos, uma ampla lista de ingredientes escolhidos nas gôndolas de filmes policiais, de mafiosos e de ação, acrescentando um molhinho noir aqui e uma pitadinha de série televisiva ianque ali.

Jean Reno, bom ator que frequentemente faz filmes infames, interpreta Charly Mattei, um mafioso arrependido que só quer viver em paz com sua família. Logo nas primeiras cenas ele surge ao final de uma carinhosa visita à mãe idosa, acompanhado pelo filho pequeno e um simpático cãozinho. De lá, partem de volta a Marselha - uma cidade francesa que, no mundo real, é palco de ações de grupos criminosos. A estrada é bucólica, a paisagem é linda, a música a bordo do carro é clássica.

Em seguida, já na cidade (numa metáfora medíocre, ela aparece imunda devido a uma greve de lixeiros), Mattei deixa seu filho na calçada e vai procurar um lugar para estacionar. Dentro de um prédio-garagem, acaba encurralado por encapuzados que, sem dizer uma palavra, o fuzilam impiedosamente. Os bandidos são tão maus que atiram até no cachorro.

Mattei sobrevive, apesar das 22 balas que se alojaram em seu corpo (daí vêm os títulos em português e em francês). Aos poucos ele vai recuperando a saúde e começando a formar uma ideia a respeito dos autores do atentado. Entra em cena, como principal suspeito, um ex-companheiro de submundo, um chefão de nome Tony Zacchia (interpretado por Kad Merad), cheio de manias bizarras e envolvido no tráfico de drogas.

A partir daí o filme se baseia na máxima de que um arrependido até pode deixar o mundo do crime, mas o mundo do crime não deixará o arrependido - tese, aliás, enunciada em off pela voz de Mattei logo no começo da trama.

O ex-mafioso parte em busca de vingança, e como os asseclas de Zacchia são bem conhecidos não tem qualquer dificuldade para achá-los e, um a um, abatê-los. Paralelamente, o filme acompanha a policial Maria Goldman (Marina Fois), viúva de um colega de corporação que teria sido morto pela gangue de Zacchia.

Como é praxe nesse tipo de história, a representante da lei é honesta e quer prender os bandidos (Zacchia e, em menor escala, Mattei) apenas quando tiver provas robustas, em vez de simplesmente tentar uma emboscada ou armação. Meio a contragosto, Maria acaba ajudando Mattei em sua jornada vindicativa.

Vagamente baseado na história real de um gangster de Marselha já contada em livro, o roteiro de ''22 Balas'' é um emaranhado de clichês e de excessos. Por exemplo, Mattei sempre tem uma frase sagaz reservada a suas vítimas antes de despachá-las (algo típico dos filmes de ação estrelados por brutamontes); frio nessas execuções, é um fofo com seus filhos e a esposa (você já viu isso em ''O Poderoso Chefão'', para ficar apenas no óbvio).

Os bandidos são caricatos, a música (geralmente ópera, em outro clichê bobalhão) é alta e invasiva, e para piorar o diretor Richard Berry abusa dos cortes rápidos e das fusões de imagens, muitas vezes tornando difícil seguir a (ou mesmo se interessar pela) história. O problema, na verdade, é que o filme não vale um maior esforço de concentração. Na sua locadora preferida, bem pertinho desse DVD, certamente há coisa muito melhor para ver em casa.

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