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Ficha completa do filme

Drama

Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme (2010)

Resenha por Sérgio Alpendre

Sérgio Alpendre

Da redação 03/06/2011
Nota 3

A moda Oliver Stone passou, há muitos anos. Talvez tenha se enfraquecido após "Assassinos por Natureza" (1994), que apesar de horrendo, fez muito sucesso com plateias jovens. Stone realizou então três fracassos seguidos nos anos 1990: "Nixon" (1995), "Reviravolta" (1997) e "Um Domingo Qualquer" (1999). Perdeu prestígio e boa parte de seu apelo comercial. Seus filmes passaram a ser considerados cafonas por um grupo maior de espectadores.

Desde então vem tentando voltar aos melhores dias, quando obtinha certo reconhecimento de uma parcela da crítica (não muito grande, mas barulhenta o suficiente) e boas bilheterias com seus filmes polêmicos e um tanto ingênuos. Fez "Alexandre" (2004), um dos melhores de sua carreira, mas que ninguém gostou.

Com "Wall Street: O Dinheiro Nunca Morre", realiza uma continuação de um de seus maiores sucessos. O original, "Wall Street: Poder e Cobiça"(1987), fez uma oportuna análise da ascensão de um tipo de executivo predador que se levantava com força na segunda metade dos anos 1980. Foi também um dos principais papéis a alavancar a carreira de Michael Douglas, filho do grande Kirk Douglas.

O ator volta mais de 20 anos depois ao mesmo personagem, o ganancioso Gordon Gekko, que passou uma temporada na prisão por sonegação de impostos. Ele argumenta que foi uma grande armação e que o período passado no xilindró o ajudou a ver as coisas de um outro ângulo. Será verdade? Aos poucos percebemos que não é bem assim, e só um tolo como o personagem interpretado por Shia LaBeouf para não perceber isso.

Mas quem é o malvado real dessa história? Seria mesmo Gekko? A interpretação de Douglas é magnífica, melhor ainda que no filme de 1987. Talvez seja o elemento que, afinal, relativize as coisas. Porque Douglas imprime um tom mais complexo ao personagem. Está mais maduro como ator e pôde passar essa experiência a Gekko. Assim, temos a impressão de que sua ganância tenha sido um pouco domesticada.

O problema é que Stone não tem força para deixar as coisas no plano da ambiguidade. Sua direção leva o personagem ora para um lado, ora para outro, e Douglas tenta deixar as coisas mais embaralhadas, apesar do direcionamento.

Por esse motivo "Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme" acaba se tornando mais um filme sobre o dinheiro e as engrenagens econômicas do que sobre a maturidade de um crápula, personagem que poderia ser a chave para se entender o mundo capitalista hoje.

Essa frustração o espectador levará consigo até o fim do filme - que aliás nos mostra o que o filme poderia ter sido se deixasse as coisas mais nas mãos de Douglas, com sua pose que lembra a de Richard Burton em "O Desafio das Águias" (1968), clássica produção de guerra de Brian G. Hutton.

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