Irmãos belgas buscam terceira Palma de Ouro com "O Garoto de Bicicleta"
Os irmãos Luc e Jean-Pierre Dardenne mantêm um recorde no Festival de Cannes. Junto com o sérvio Emir Kusturica, eles são os únicos a terem vencido duas vezes a cobiçada Palma de Ouro: em 1999, com "Rosetta", e em 2005 com "A Criança".
No novo "O Menino na Bicicleta", eles trabalham pela primeira vez com uma estrela de cinema belga muito popular na França - Cécile de France, a jornalista francesa de "Além da Vida", de Clint Eastwood. No filme, o menino Cyril (Thomas Doret) não se conforma que seu pai o abandonou num orfanato e quer reencontrá-lo de qualquer maneira. Como um furacão determinado, foge e acaba trombando com uma cabeleireira, Samantha (Cécile). Ela quer cuidar dele, talvez como mãe, mas Cyril quer mesmo é seu pai - e acabará buscando outra pessoa que possa preencher esse papel.
Como sempre nos filmes dos Dardenne, não há espaço para melodrama - tudo é contado com economia de recursos, direção intensa dos atores e pouquíssima música. "Acho que o filme gira em torno da questão: o amor de uma mulher pode fazer uma criança sair de sua cólera? Samanta é um pouco o pai e a mãe de Cyril ao mesmo tempo. Ela é o amor, mas também o aprendizado do mundo", explicou Luc.
Clint sem sensaio
Jean-Pierre conta que os ensaios são intensos. "Não podemos chegar no primeiro dia de filmagem e já saber o que queremos; somos incapazes disso. E também não conseguimos fazer um filme pensando numa mensagem que queremos passar. Isso simplesmente não funciona."
Cécile de France, que também é conhecida no Brasil como a protagonista do filme francês "Um Lugar na Plateia", comparou os métodos de trabalho dos Dardenne com o de Clint Eastwood. "São como pintores que usam métodos opostos para criar seus quadros. Os Dardenne ensaiam muito, enquanto Clint busca uma certa espontaneidade, a magia de um instante. Muitas cenas são feitas de primeira, sem muito ensaio. O ator traz suas ideias e trabalha sozinho."
"O Garoto de Bicicleta" já tem estreia garantida no Brasil pela distribuidora Imovision, mas ainda sem data definida.
Filme mudo
"The Artist", filme do francês Michel Hazanavicius, exibido neste domingo de manhã no festival, foi o mais aplaudido até agora na sessão de imprensa. Na era do 3-D, o filme é um total E.T. nos dias de hoje: um filme inteiramente mudo e preto-e-branco sobre um astro dos anos 20, George Valentin (o galã francês Jean Dujardin), que vê sua fama e prestígio ir pelo ralo com a chegada do cinema falado, e que inicia uma tortuosa história de amor com uma dessas novas estrelas, Peppy Miller (Isabelle Béjo). Inicialmente programado fora de competição, foi incluído de última hora na disputa pela Palma.
Lírico e divertido, o filme perde ritmo no final, mas tem tudo para encantar os espectadores com sua atmosfera nostálgica. "O cinema mudo é sempre emocional, sensorial. Faz você contar a história de uma maneira primordial, que só funciona a partir dos sentimentos que você cria", explicou o diretor.
"The Artist" já foi comprado pelos irmãos Weinstein para ser lançado nos Estados Unidos. Com seus ecos de "Cantando na Chuva", deve agradar a comunidade de Hollywood e pode emplacar indicações no Oscar do ano que vem.
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