Diretor de "Sherlock Holmes" diz que escolheu Robert Downey Jr. para protagonista por ele ser "um gênio com problemas sérios"
![Guy Ritchie (centro) e atores Jared Harris (à esquerda) e Robert Downey Jr. em cena de "Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras" - Divulgação](https://ci.i.uol.com.br/cinema/2012/01/11/guy-ritchie-centro-e-atores-jared-harris-a-esquerda-e-robert-downey-jr-em-cena-de-sherlock-holmes-o-jogo-de-sombras-1326317071021_615x300.jpg)
Vagamente atrasado, num terno esporte cinza com um lenço de bolinhas azuis no bolso e camisa listrada azul e branca, Guy Ritchie chega a um salão de baile do hotel Beverly Hilton – o mesmo onde os Globos de Ouro são entregues – e imediatamente pede um chá "bem quente com mel e limão". Estamos no início de dezembro e hHá uma semana Ritchie fala sem parar, promovendo "Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras", a segunda aventura do herói criado pelo médico e escritor escocês Sir Conan Doyle, no final do século 19, e reinventado para o cinema do século 21 por Ritchie.
Bem humorado e menos rouco depois do chá, Ritchie falou sobre os problemas do primeiro filme, os desafios do segundo --que estreia no Brasil nesta sexta-feira (13)-- , a escolha de Robert Downey Jr. para o papel e o novo filme de sua ex-mulher, Madonna. Confira a entrevista.
UOL - Por que você voltou a Sherlock Holmes?
Guy Ritchie - Sempre quis fazer uma segunda aventura de Sherlock, é o que Conan Doyle faria. Seu prazer era continuar a narrativa de Holmes e do Dr. Watson com novas histórias. Me tornei grande amigo de Robert e de sua esposa durante as filmagens do primeiro. Não tinha a menor dúvida de que, num nível pessoal, seria ótimo, delicioso mesmo, continuar com o trabalho e fazer um segundo filme. Nossa única dúvida era se o primeiro teria uma bilheteria boa o bastante para que nos deixassem fazer um segundo...
UOL - O que você aprendeu com o primeiro e que o ajudou a pensar no segundo?
Ritchie - Eu aprendi muito. Quando soubemos que o segundo tinha sido aprovado, imediatamente comecei a ver os pontos fortes e fracos do primeiro. Eu sabia que o segundo tinha que representar um desafio ainda maior e, ao mesmo, precisava de uma narrativa mais limpa, clara e fácil do espectador seguir.
UOL - Você poderia ter escolhido um ator britânico para ser Sherlock...
Ritchie - Poderia. Sei que é uma opção arriscada colocar um ator americano como um personagem tão inglês. Ao mesmo tempo é uma decisão que imediatamente expande o personagem e o torna acessível mundialmente, e não apenas limitado a um mundo britânico. E Robert Downey... com risco de provocar e enfurecer muita gente, é o único ator americano que conheço que dominou completamente o sotaque britânico. Além disso, Sherlock é um personagem de extremos, um gênio com problemas sérios. E Robert tem esses mesmos traços.
UOL - Você deu uma atualizada radical no conceito de Sherlock Holmes. Será que o público de hoje só reconhece o personagem por meio da sua visão?
Ritchie - Espero que não. Minha visão, na verdade, é inteiramente calcada na obra de Conan Doyle. Eu me criei com as histórias de Sherlock Holmes --minha educação foi num colégio interno, e os livros de Sherlock eram os que nos davam na hora de dormir. Sherlock, Watson e Moriarty povoaram meus sonhos... de verdade! As histórias eram ousadas e repletas de ação. Eu sempre disse que Conan Doyle teria sido um excelente roteirista. Sempre vi Sherlock e Watson como uma dupla de cinema. Tudo o que faço é realizar plenamente o que Conan Doyle imaginou em seus livros. De outro modo, não faria sentido.
UOL - E como você chegou a Noomi Rapace para incluí-la no elenco?
Ritchie - Eu vi "Os Homens que Não Amavam as Mulheres" [filme sueco de 2009 baseado em livro de Stieg Larsson] enquanto trabalhava no roteiro, e ela me pareceu a resposta para algo que eu queria adicionar --um novo rosto feminino, forte. A personagem da cigana foi escrita com ela em mente.
UOL - Por que maior parte da sua filmografia é sobre crime?
Ritchie - Porque é um terreno fértil para a narrativa, é onde acontece a polarização entre bem e mal, heroi e vilão, e é onde se dá o conflito claro. É o melhor ambiente para o entretenimento. Para mim é como terra firme, um ambiente narrativo que conheço e onde me movimento com facilidade.
UOL - O que você achou de "W.E.", o novo filme de Madonna?
Ritchie - Eu tentei ajudá-la com esse projeto. Ela usou uma boa parte da minha equipe e eu fiz o que pude para assessorá-la nessa parte. Mas não li o roteiro. Imagino que, como uma americana que passou muito tempo na Inglaterra ela acha que tem uma visão especial sobre o tema. Mas não quero supor nada por ela.
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