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Spielberg filma a grande história americana no intimista "Lincoln"

Daniel Day-Lewis em cena do filme "Lincoln" - Divulgação
Daniel Day-Lewis em cena do filme "Lincoln" Imagem: Divulgação

09/11/2012 11h27

Com "Lincoln", o cineasta Steven Spielberg lança um filme ambicioso sobre a abolição da escravidão nos Estados Unidos, apresentado como um retrato intimista do 16º presidente dos Estados Unidos, que é interpretado pelo britânico Daniel Day-Lewis.

Exibido em outubro no Festival de Cinema de Nova York e, na quinta-feira (8), no encerramento do AFI Fest de Hollywood - que tradicionalmente marca o início da corrida pelo Oscar -, "Lincoln" estreia sexta-feira na América do Norte e em 25 de janeiro no Brasil.

Spielberg sonhava há mais de uma década com a ideia de dirigir um filme sobre Abraham Lincoln, assassinado em abril de 1865 e, sem dúvida, o presidente mais reverenciado da história americana.

"Sempre tive um fascínio pessoal pelo mito de Abraham Lincoln", disse o cineasta em uma entrevista coletiva em Los Angeles no fim de outubro, antes de lamentar que o personagem tenha sido reduzido a "uma espécie de estereótipo cultural nacional".

De maneira espantosa, o cinema não se interessa seriamente pela figura histórica do presidente desde 1939, quando John Ford dirigiu "A Mocidade de Lincoln", protagonizado por Henry Fonda.

Steven Spielberg lança "Lincoln" em Los Angeles

Para o projeto, Steven Spielberg decidiu não embarcar em uma biografia sobre a vida do homem de Estado republicano. "Teríamos dilatado muito, tanto os criadores como os atores", afirmou o cineasta, vencedor de três prêmios Oscar. "Teríamos mostrado apenas os momentos-chave, as grandes frases, sem poder mostrar a profundidade deste homem".

Com a cumplicidade do roteirista e dramaturgo Tony Kushner, Spielberg decidiu concentrar a ação nos últimos meses da vida do presidente e mostrar seus esforços a favor do fim da escravidão, enquanto a guerra civil ainda devastava o país. O resultado é um filme de formato intimista, único na filmografia de Spielberg. Rodado quase totalmente em cenários internos, sem grandes cenas espetaculares - com exceção de um campo de batalha no início -, o drama se concentra nos diálogos e nas atuações.

No elenco estão ainda Tommy Lee Jones, que interpreta um defensor da abolição, Sally Field no papel de Mary, a esposa do presidente, e Joseph Gordon-Levitt como o filho Robert.

No papel de Lincoln, o britânico Daniel Day-Lewis tem mais uma interpretação brilhante e é presença praticamente certa na cerimônia do Oscar, em 24 de fevereiro em Los Angeles.

O ator, que venceu duas estatuetas da Academia por "Meu Pé Esquerdo" (1989) e "Sangue Negro" (2008), é famoso por ser muito exigente ao escolher seus papéis.

Ele mesmo admitiu que hesitou por muito tempo a aceitar o papel de um "homem cuja vida foi mitificada a tal ponto que existe o risco de de não poder representá-la corretamente". "Não sabia se poderia fazê-lo. A última coisa que queria era manchar irrevogavelmente a reputação do maior presidente dos Estados Unidos", explicou Day-Lewis.

"Foi difícil de convencê-lo. Mas se ele tivesse falado não, eu não teria feito o filme", confirmou Spielberg.

O cineasta explicou que aguardou deliberadamente as eleições americanas (vencidas pelo presidente democrata Barack Obama) para a estreia do filme, evitando assim a politização do longa-metragem. "As ideologias políticas dos dois partidos (republicano e democrata) deram um giro de 180 graus em 150 anos. É tudo muito confuso, agora todos reivindicam a figura de Lincoln para seu próprio lado", resumiu.

"O presidente representa cada um de nós e o que ele fez basicamente provocou todas as oportunidades que nós estamos desfrutando hoje em dia", concluiu o cineasta.

Veja o trailer legendado de "Lincoln", de Steven Spielberg