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"Nós sempre quisemos fazer um faroeste", disse diretor sobre "Bravura Indômita"

Joel e Ethan Coen prestigiam a pré-estreia de "Bravura Indômita", no Ziegfeld Theatre, em Nova York (14/12/2010) - Stephen Lovekin/Getty Images
Joel e Ethan Coen prestigiam a pré-estreia de "Bravura Indômita", no Ziegfeld Theatre, em Nova York (14/12/2010) Imagem: Stephen Lovekin/Getty Images

FERNANDO MEXIA

22/12/2010 13h13

LOS ANGELES, EUA.- Livro e filme de sucesso, "Bravura Indômita" se reinventa mais de 40 anos depois pelo olhar dos irmãos Coen, que estreiam no Velho Oeste com uma história de vingança, valentões rápidos no gatilho e, como não, humor negro.

Baseado no relato publicado por Charles Portis em 1968, o filme que estreia nesta quarta-feira nos Estados Unidos gira em torno da figura de uma corajosa adolescente de 14 anos, Mattie Ross (Hailee Steinfeld), e seu empenho em se vingar de Tom Chaney (Josh Brolin), o homem que matou seu pai.

Na caçada de Mattie, a garota é acompanhada - com má vontade - por dois pistoleiros agentes da lei e mercenários: o bêbado implacável com seu característico tapa-olho Rooster Cogburn (Jeff Bridges) e o "Texas Ranger" (um dos serviços de segurança do Texas) obstinado e charlatão LaBeouf (Matt Damon).

"Nós sempre quisemos fazer um faroeste", revelou Ethan Coen à Agência Efe em entrevista concedida em Los Angeles junto com o irmão Joel, na qual ambos insistiram que o filme tem mais a ver com o "entusiasmo" pela obra de Portis do que com uma tentativa de fazer uma homenagem ao gênero "bang bang".

"A gente leu o livro pela primeira vez há muito tempo", lembrou Joel, para revelar que apenas há pouco tempo, após seu filho ter tido contato com a obra, que a dupla começou a imaginar que daria "um grande filme".

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Quem chegou à mesma conclusão no final dos anos 1960 foi o produtor Hal B. Wallis ("O Falcão Maltês", 1941 e "Casablanca", 1942) e o diretor Henry Hathaway ("Raposa do Deserto", 1953) que se encarregaram a passar a história do papel para as telas pela primeira vez.

"Bravura Indômita" estreou em 1969 nos cinemas dos EUA com grande sucesso de público e garantiu ao carismático John Wayne o único Oscar de sua carreira, por sua interpretação de Cogburn.

"Nós sabíamos que já tinha sido feito um filme antes e já tínhamos assistido, mas fazia muito tempo e tínhamos uma lembrança muito vaga do filme", revelou Joel.

A ideia de um "remake" não passou pela cabeça dos Coen, que recorreram diretamente ao material de Portis para a elaboração do roteiro, em vez de utilizarem a versão feita por Hathaway no filme de 1969.

A fidelidade à obra original ficou especialmente visível nos diálogos, extraídos quase diretamente do romance e carregados de aspereza. Além disso, com um sotaque que exige um esforço inicial do espectador, as falas foram definidas pelo ator Barry Pepper, um dos bandidos do filme, como "Shakespeare à americana".

Como já é de praxe nas produções dos Coen, violência, drama e comédia se intercalam também na ação de "Bravura Indômita" conferindo diferentes dimensões aos personagens, entre os quais se destaca o Cogburn de um convincente Bridges.

"Foi a primeira pessoa na qual pensamos para o papel", relatou Ethan, que já tinha dirigido o ator em "O Grande Lebowski" (1998). "Jeff Bridges é versátil e tinha o perfil adequado porque pode ser muito engraçado e dramático ao mesmo tempo", acrescentou Joel.

O mais difícil foi encontrar a atriz que para viver Mattie. Após meses de busca pelos EUA e milhares de testes, os Coen escolheram a desconhecida Hailee Steinfeld, que com 13 anos foi capaz interpretar a protagonista sem se amedrontar.

"Nós a encontramos pouco antes de começar rodar, tivemos muita sorte", disse Ethan, para quem "Bravura Indômita" tem potencial "para atingir um público maior" do que qualquer um dos filmes que fizeram até o momento.

"Achamos que pode atrair famílias", explicou Ethan, um palpite que pode ser confirmado pela classificação etária do filme, 13 anos, um grau inferior ao que normalmente é imposto pela Motion Picture Association of America (MPAA, na sigla em inglês, o órgão regulador americano) às produções dos Coen, sempre restritas ao público adulto.

Esse foi o caso de "Um Homem Sério" (2009), "Onde os Fracos não Têm Vez" (2007) e "Fargo" (2004), filmes candidatos ao Oscar, ao qual "Bravura Indômita" é favorito ao lado de "A Rede Social", "O Discurso do Rei" e "O Vencedor", apesar de ter ficado de fora do Globo de Ouro.

"Sempre me pareceu estranho que antes da estreia já estejam dizendo quanto dinheiro e quantos prêmios o filme vai ganhar", declarou Joel, que não esconde que as expectativas são bastante altas.