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09/09/2010 - 12h56

Veneza assiste samurais de época e retratos familiares italianos

NEUSA BARBOSA
Do Cineweb, em Veneza
  • Cena do japonês ''13 Assassins'', do cineasta Takashi Miike

    Cena do japonês ''13 Assassins'', do cineasta Takashi Miike

Segundo concorrente japonês da competição, a aventura de samurais “13 Assassins”, do veterano Takashi Miike (diretor de um dos episódios de “Três... Extremos”), encheu de novo a tela em Veneza de sangue, lutas e espadas.

Refilmagem de uma produção de 1963, “13 Assassins” começa com cara de que terá a maior reverência pelo “Jidaigeki” (filme de época de samurais), apresentando a crise política causada pela ascensão de Naritsugu (Goro Inagaki), o sanguinário irmão do shogun, no Japão do século 19.

A crueldade mostrada por Naritsugu já neste momento em que ele ainda não é o senhor todo-poderoso leva o alto oficial Doi (Mikijiro Hira) a tramar seu assassinato. Para isso, ele apela aos serviços do melhor e mais experiente samurai de seu tempo, Shinzaemon Shimada (Koji Yakusho, visto em “Babel” e “Memórias de uma Gueixa”). Este forma o time de 13 homens que lutará, com valentia inversamente proporcional à sua inferioridade numérica, para emboscar e matar o impiedoso herdeiro.

No decorrer da ação, Miike acelera a narrativa, recorrendo a vistosos efeitos especiais e tornando cada vez mais frenéticas as lutas que ocupam cerca de uma hora do filme, metade de sua duração. Ao final, o diretor dá-se a liberdade de recorrer a um tipo humor que é de se esperar que agrade muito ao presidente do júri, Quentin Tarantino – com direito a uma aparente ressurreição de um personagem.

Fantasma e cavalos

Na coletiva do filme, nesta tarde, Miike explicou assim a reaparição do fantasma: “Obviamente, o personagem está morto fisicamente, mas sua alma está viajando no ar. E eu queria transitar entre a ficção e a realidade neste tema da morte”.

Em termos visuais, porém, o diretor não poupou esforços para obter o máximo realismo, o que tornou as filmagens “extremamente cansativas”, conforme ele mesmo reconheceu. Segundo ele, uma das dificuldades é que, no Japão “não há cavalos para usar em filmagens. Muito menos, atores que saibam cavalgar”. Isto obrigou a um esforço tremendo por parte do elenco. “Ninguém podia deixar o set enquanto não dominava suas cenas muito bem”, contou o diretor.

O empenho causou alguns sacrifícios. O ator Koji Yakusho revelou que, durante as filmagens, “houve muitos feridos”. Inclusive ele: “Eu mesmo me cortei com a espada pelo menos duas vezes. Mas não houve nenhum acidente grave”.

Família italiana

Um registro moderno e muito angustiante da família contemporânea foi visto no quarto e último candidato italiano ao Leão de Ouro, “La solitudine dei numeri primi”(literalmente, “A solidão dos números primos”), de Saverio Costanzo, baseado em romance de Paolo Giordano (que é também o corroteirista).

Diretor do premiado “Violação de Domicílio” (vencedor do Leopardo de Ouro em Locarno em 2004), Costanzo imprime uma grande força dramática a esta crônica da vida de dois jovens, Alice (Alba Rohrwacher, de “Meu irmão é filho único”) e Mattia (Luca Marinelli). Traumatizados por acidentes na infância, os dois têm uma ligação especial. E também compartilham uma extrema dificuldade para superar as dores do passado. No elenco, estão nomes famosos como Isabella Rossellini, no papel da mãe de Mattia, e Filippo Timi, o jovem Mussolini de “Vincere”, de Marco Bellocchio.

Bellocchio, por sua vez, apresentou fora de competição um dos filmes mais criativos da seleção de Veneza, o pessoal e delicado “Sorelle Mai”. Retomando um média-metragem de 2006, intitulado justamente “Sorelle”, em que retratava as próprias irmãs, o veterano diretor embarcou num projeto de ensino de cinema que se repetiu ao longo de 9 anos. Acabou realizando, nesse período, o que reuniu neste “Sorelle mai”, um misto de ficção e documentário, em que volta a filmar as irmãs e sua terra natal, Bobbio (que fica nas imediações de Piacenza, na Emilia Romagna). Ao mesmo tempo, desenvolve dentro um relato ficcional, que tem como protagonistas seus filhos, Pier Giorgio Bellocchio – no papel de um cineasta em crise – e a caçula Elena (que ele filma na plena explosão da adolescência, dos 5 aos 14 anos).
 

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