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10/09/2010 - 12h18

Veneza exibe últimos concorrentes, o drama "Barney's Version", o experimental "The Road to Nowhere" e a comédia "Drei"

NEUSA BARBOSA
Do Cineweb, em Veneza
  • Os atores Tygh Runyan e Shannyn Sossamon na pré-estreia de Road To Nowhere no Festival de Veneza 2010 (10/09/2010)

    Os atores Tygh Runyan e Shannyn Sossamon na pré-estreia de "Road To Nowhere" no Festival de Veneza 2010 (10/09/2010)

Terminou nesta manhã, com o drama canadense “Barney’s Version”, de Richard J. Lewis (diretor e produtor da série de TV “CSI”), a exibição para a imprensa dos candidatos ao Leão de Ouro em Veneza 2010. Ontem à noite, já haviam passado na tela o último concorrente norte-americano, o experimental “The Road to Nowhere”, o primeiro filme em 22 anos do veterano Monte Hellman, e o alemão “Drei”, em que o diretor Tom Tykwer, depois de produções internacionais como o suspense “Trama Internacional” (2009), fez as pazes com as próprias raízes com uma comédia de costumes em torno de um triângulo amoroso.

Ainda é cedo para que a passagem destes três últimos competidores seja registrada nas bolsas de apostas dos críticos por aqui. Hoje, as maiores cotações foram atribuídas a concorrentes como o drama francês “Venus Noire”, de Abdellatif Kechiche – um dos dois únicos filmes a merecer cinco estrelas do crítico Jacques Mendelbaum, do jornal “Le Monde”, e quatro estrelas do veterano Michel Ciment, da revista “Positif” (que, aliás, não concedeu cotação máxima a nenhum concorrente até esta sexta).

O crítico Paolo Agostini, do jornal italiano “La Repubblica”, por sua vez, dividiu até agora sua votação de cinco estrelas entre o drama chileno “Post Mortem”, de Pablo Larraín, que desenterra fantasmas da ditadura de Augusto Pinochet, e a comédia dramática italiana “La Passione”, de Carlo Mazzacurati.

A votação da crítica online, contabilizada pelo site Mousedoro.it, por sua vez, atribui até o momento as maiores notas à aventura chinesa de artes marciais “Detective Dee and the Mystery of Phantom Flame”, do mestre de ação de Hong Kong, Tsui Hark, seguida de perto pelo chileno “Post Mortem”, e, empatados em terceiro lugar, a aventura japonesa de samurais “13 Assassins”, de Takashi Miike, e o drama político chinês “The Ditch” - primeiro filme de ficção do documentarista Wang Bing, que passa em revista a repressão a dissidentes durante a Revolução Cultural, em 1960.

A premiação final em Veneza será anunciada na noite deste sábado.

Amigos e outsiders

De todo modo, a partir de agora, a bola estará com o júri presidido por Quentin Tarantino, que, na coletiva de apresentação, na semana passada, admitiu ter “muitos amigos” nesta competição – como a ex-namorada, Sofia Coppola (diretora do concorrente “Somewhere”) e também de Monte Hellman, produtor de “Cães de Aluguel” (1992), que deslanchou sua carreira.

Verdadeiro outsider em Hollywood, Hellman, de 78 anos, também confessou não estar muito confortável por estar, pela primeira vez, participando de uma competição. Na coletiva de seu filme, nesta tarde, ele lembrou do cineasta francês Jean Renoir, com quem participou do júri de um festival, muitos anos atrás. Renoir, segundo ele, achava “obscena a competição entre filmes”, com o que ele concorda. Por isso, na época, o francês acabou premiando todos os concorrentes. Depois, irônico, Hellman comentou: “Mas estou aqui em competição pela primeira vez e confesso que estou tendo um sentimento competitivo”.

Sobre a dificuldade de compreensão de seu filme, bastante experimental – os atores, como Shannyn Sossamon, confessaram “não ter entendido nada” -, Hellman invocou outro francês, o poeta e cineasta Jean Cocteau. Segundo ele, Cocteau dizia que uma obra de arte deve ser “difícil de tocar”. Por isso, precisaria ser revisitada muitas vezes, o que ele espera que aconteça com seu filme – que trata de uma viagem metalinguística em torno da realização da filmagem de uma história envolvendo um duplo suicídio.

Nova família

Foram muito bem acolhidos nas sessões de imprensa a comédia alemã “Drei”, de Tom Tykwer, e o drama canadense “Barney’s Version”, de Richard J. Lewis. Diretor consagrado por “Corra, Lola, Corra” (98), Tykwer montou uma história de surpreendente complexidade e leveza, acompanhando o envolvimento amoroso entre um casal que vive junto há 20 anos (Sophie Rois e Sebastian Schipper) e um outro homem (David Striesow), por quem os dois, sucessivamente, se apaixonam.

O triângulo amoroso entre a mulher e os dois homens levou a especulações sobre se o diretor alemão estaria propondo uma nova fórmula para a família contemporânea. Tykwer negou: “Não pretendo apontar a direção que vamos tomar no futuro. Meu filme é apenas um instantâneo do presente. Aliás, o próprio fato de ter-se tornado uma comédia foi uma coincidência. Ele tem um toque de humor porque aborda uma situação que ao mesmo tempo é estranha mas também muito banal”.

O ator Paul Giamatti foi a grande atração da coletiva do drama canadense “Barney’s Version”, adaptação do romance de Mordecai Richler, um sucesso editorial tanto no Canadá quanto na Itália. No filme, ele interpreta o produtor de TV Barney Panofsky, filho do policial Izzy (Dustin Hoffman), que é acusado do assassinato de um amigo (Scott Speedman) e cujo grande amor na vida é a radialista Miriam (Rosamund Pike).

Falando do trabalho ao lado de Hoffman – que não veio a Veneza –, Giamatti foi só elogios: “Ele é muito engraçado. Conta piadas sujas o dia inteiro e tem uma energia incrível. Há 30 anos atrás, ele teria feito o meu papel e muito melhor”. Segundo Giamatti, Hoffman fica o tempo todo “procurando todas as excentricidades e detalhes que ele acha que podem servir ao personagem, bem ali na hora, diante das câmeras. É como Picasso, uma pintura cubista. A gente só precisa segui-lo”.

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