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65o. Festival de Veneza - 2008

26/05/2008 - 14h49

Diretor francês Laurent Cantet elogia engajamento de seus atores

Por James McKenzie


CANNES (Reuters) - O cineasta Laurent Cantet elogiou o engajamento de seus atores não profissionais em "Entre les murs", longa-metragem pelo qual recebeu a Palma de Ouro do 61o Festival de Cannes, na noite de domingo.


"A grande força do filme é a energia e a confiança que eles investiram nele", disse o diretor à Reuters.


AFP/ Anne-Christine Poujoulat
Laurent Cantet à frente do elenco de "Entre les Murs", vencedor da Palma de Ouro
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Obra de ficção com aparência de documentário, "Entre les Murs" relata o ano escolar de uma classe do primeiro ano do ensino médio do colégio Françoise Dolto, em Paris.


Cantet também elogiou "a recepção calorosa que tivemos em Cannes", no sábado, quando o filme foi exibido.


"Foi um momento de emoção enorme, o fato de compartilhar aquilo com os alunos e os professores, que estavam todos ali", disse ele.


Os alunos que atuaram no filme de Cantet assistiram ao filme antes de ele ser exibido em Cannes, e o diretor confessou que não sabia como eles iriam reagir.


"Eles viram o filme na semana passada, e pensei que seria uma projeção muito animada. Foi o que aconteceu durante cinco minutos, mas então, de repente, todos caíram em silêncio."


"ATORES ABSOLUTOS"

"Eles ficaram verdadeiramente cativados pelo filme e sentiram que falava deles, de seu mundo."


"Tiveram a sensação de terem feito algo de importante -- que não tinham sido apenas alguns momentos bons passados juntos, mas que tinha sido relatado algo que era caro a eles."


François Bégaudeau, autor do romance que deu título ao filme e ator que faz o papel do professor, insistiu sobre a necessidade de que fosse evitado qualquer tipo de sentimentalismo.


"A melhor maneira de evitá-lo é procurar recriar as situações em sua complexidade", disse ele, acrescentando: "Me parece que o filme em nenhum momento ficou caricato."


De fato, a câmera de Cantet se fez discreta e recriou as diversas situações que um professor pode enfrentar com seus alunos, incluindo os conflitos, sem descambar para o melodrama.


"Acho que é possível ser muito seco e criar emoção. Foi o que fez o filme, porque Laurent (Cantet) é como eu -- uma pessoa bastante recatada, que jamais vai exagerar para criar emoção", explicou Bégaudeau.


"Entre les murs" destaca a naturalidade. Cada aluno representou seu papel como parte de um trabalho desenvolvido ao longo dos meses, durante os quais funcionou um ateliê do qual podiam participar os alunos que quisessem.


"Acho que todo o mundo sabe representar. Estou convencido de que os adolescentes, especialmente, são atores absolutos", disse o diretor.


"Essa é uma fase da vida em que se representa a vida, e a nova geração talvez a represente mais ainda."


"Essa geração foi formada pelo rap, por exemplo; é uma geração que fala o jargão dos imigrantes árabes, porque é o que o rap faz, e é uma geração de atores, porque o rap é também atuação... É uma geração que tem tudo isso na pele."