De carona em blockbusters, diretor gostaria da aprovação de Michael Bay para "Transmorphers"
Leigh Scott gosta de pensar que "Michael Bay assistiu a 'Transmorphers' e sorriu". Scott não tem um sucesso hollywoodiano como o diretor de "Transformers", mas já dirigiu quase 20 longas-metragens e é um dos profissionais que ajudaram o estúdio norte-americano The Asylum a se tornar a maior produtora de "mockbusters" (filmes de baixo orçamento que imitam grandes produções do cinema) do mundo. E foi trabalhando para a produtora que Scott assinou títulos como "Transmorphers", "King - O Rei da Selva" e "Pirates of Treasure Island" (sem título em português) na década passada.
Apesar da evidente semelhança dos títulos e pôsteres desses filmes com as superproduções de Hollywood --"Transformers" (2007), "King Kong" (2005) e "Piratas do Caribe" (2003)--, o diretor afirma que nunca teve a intenção de fazer uma "cópia descarada" de outras produções. "Meus filmes são muito diferentes dos filmes dos grandes estúdios em termos de conteúdo, mesmo que a caixa do DVD os faça parecer iguais", afirmou ao UOL, em entrevista por e-mail. De acordo com ele, "os diretores nunca pensam em coisas estúpidas ou querem ser pouco criativos. Isso vem dos compradores e dos produtores".
Scott deixou a Asylum e agora tem sua própria produtora, a Independence Film Investments, que atualmente finaliza o longa "The Lost Girl". Segundo ele, nenhum diretor dos filmes que "imitou" jamais deram algum feedback a ele, mas o diretor não perde a esperança em relação ao diretor de "Transformers": "Quem sabe?”, brinca.
Scott se formou em cinema pela Universidade do Sul da Califórnia, uma das mais prestigiadas da área em todo o mundo. "Alguns dias após a formatura, tive a ideia para um filme independente e comecei a filmar. Não olhei para trás desde então".
Mas foi com Roger Corman, com quem trabalhou na Concorde Pictures, que Scott diz ter aprendido os truques de fazer filmes com orçamentos baixos. "Temos que montar o filme na cabeça e filmar apenas o que precisa para contar a história", ensina. "Eles [Concorde Pictures] também eram mestres de reutilizar coisas, então se um filme tinha um monstro, aquele monstro ganhava um cabelo diferente ou uma pintura, e era o monstro do próximo filme".
Falta de tempo --e de dinheiro
Foi também na Concorde que o diretor diz ter aprendido como equilibrar orçamento e vendas. "Às vezes, gastar dinheiro para fazer um filme melhor pode não se traduzir em ter mais lucro. Adicionar um ou dois atores de renome geralmente significa gastar mais dinheiro, mas nem sempre é em figurino".
Se a qualidade artística desse tipo de filme é questionável, o sucesso comercial é um ponto sempre frisado pelos diretores e produtores das cópias. "Acho que o sucesso teria que ser julgado mais tarde, após as pessoas esquecerem que estão assistindo a um mockbuster. Sei que financeiramente foram todos bem-sucedidos", garantiu Scott.
Entre as principais dificuldades de se dirigir uma produção como "Transmorphers" está a falta de dinheiro: enquanto o filme custou cerca de US$ 250 mil para ser feito, o verdadeiro "Transformers" teve orçamento estimado em US$ 150 milhões. A falta de tempo também é um empecilho. "Não há muito espaço para tentativas e erros. Os filmes são sempre feitos com pressa, e você tem que limitar o que está na sua cabeça com o que você realmente pode atingir. Pode ser bem frustrante".
De acordo com Scott, um diretor de mockbuster tem, em média, oito semanas de preparação para as filmagens, uma ou duas semanas para filmar, e de quatro a oito para a pós-produção. O diretor contou que em "Exorcism: The Possession of Gail Bowers", feito às pressas no final de 2005 para concorrer com --ou aproveitar a publicidade de-- "O Exorcismo de Emily Rose", demorou, ao todo, dois meses para ser feito. "Tivemos três semanas de preparação, incluindo escrever o roteiro, uma semana para filmar e cerca de quatro para a pós-produção. Foi corrido".
O calendário rígido faz com que as produtora consigam lançar as cópias diretamente para DVD antes mesmo do título original estrear nos cinemas. É o caso de "2012 - O Ano da Profecia", lançado ao mercado em fevereiro de 2008, quase dois anos antes da estreia mundial de "2012", de Roland Emmerich, que saiu em novembro de 2009. Já "Mega Piranha" foi lançado nos Estados Unidos em abril de 2010, quatro meses antes da estreia de "Piranha", de Alexandre Aja.
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