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Alice Braga diz que ela e Gael tinham ataques de riso em cenas quentes

Alice Braga e Gael García Bernal em cena do filme argentino "El Ardor", de Pablo Fendrik - Reprodução
Alice Braga e Gael García Bernal em cena do filme argentino "El Ardor", de Pablo Fendrik Imagem: Reprodução

Thiago Stivaletti

Do UOL, em Cannes (França)

21/05/2014 05h00

De tempos em tempos, Alice Braga retorna a Cannes para apresentar um novo filme. Ela não fez parte da comitiva que veio com “Cidade de Deus” em 2002, mas em 2005 esteve pela primeira vez no festival com “Cidade Baixa”, ao lado de Wagner Moura e Lázaro Ramos. Três anos depois, ela abriu o festival ao lado de Fernando Meirelles e Julianne Moore com “Ensaio sobre a Cegueira”. Agora, ela vive Ana, filha de um fazendeiro das Misiones argentinas sequestrada por posseiros em “El Ardor”, uma coprodução entre Argentina, México e Brasil exibida em apresentação especial no festival. Em seu resgate, parte o índio Kaí, vivido por Gael García Bernal.

Em entrevista ao UOL, ela conta sobre a experiência de conhecer a região das Misiones --"tive que aprender a conviver com aranhas"--, fala sobre como foi filmar cenas quentes com o amigo Gael García Bernal e comenta seu próximo trabalho, o suspense australiano “Kill Me Three Times”.

UOL - Como foi embrenhar-se nas selvas das Misiones, na Argentina?
Alice Braga - Foi minha primeira vez naquela região, nunca tinha ido nem a Foz do Iguaçu, filmamos a duas horas de lá. Foram seis semanas de filmagem bem intensas. Ficamos num hotelzinho no meio do mato, o celular não pegava, não tinha como falar com a família. Nossos quartos eram umas casinhas construídas no alto de umas árvores. Tive que aprender a conviver com aranhas. No segundo dia, desisti de matá-las – eu lembrava que era eu que estava no lugar delas.

Como foi contracenar com o Gael García Bernal, com quem você já tinha feito algumas cenas em “Ensaio sobre a Cegueira”?
Conheço o Gael há muitos anos porque eu namorei o Diego Luna (ator de “Y Tu Mamá Tambiém” e “Terminal”), um dos melhores amigos do Gael. Sempre o admirei, ele é um ator completo. Ele e o Diego fazem um grande trabalho com a produtora Canana, realizando filmes em toda a América Latina. Só tinha um problema: nas cenas de paixão, quando a gente tinha que olhar fundo no olho do outro, a gente tinha um ataque de riso, porque somos muito amigos.

Pablo Fendrik, diretor de “El Ardor”, define o filme como um faroeste passado nas florestas da Argentina. Você chegou a ver westerns para o papel?
Vi todos os filmes do Clint Eastwood e “Era uma Vez no Oeste”, do Sergio Leone, o meu preferido. Mas o faroeste é um gênero muito masculino, e eu precisava encontrar o lugar da minha personagem na história.

Como é o seu personagem no filme australiano “Kill Me Three Times”, que ainda vai ser lançado?
Foi uma dessas experiências malucas em que eu adoro me jogar. É um projeto no qual eu embarquei há muitos anos, e agora finalmente encontraram financiamento. O elenco tem o Simon Pegg, que eu adoro, e o Sullivan Stapleton, que fez “300” com o Rodrigo Santoro. É um roteiro muito maluco, um suspense muito engraçado. Meu personagem é a garota que todo mundo está querendo matar. E ela é boazinha, tadinha! (risos) Filmamos em Perth, que é uma das cidades mais isoladas do mundo.

Nos seus papéis, você se preocupa em evitar os clichês de mulher latina que ainda aparecem em alguns filmes?
Não me preocupo com isso, sabia? Me preocupo mais em avaliar se o roteiro é legal, se o diretor é bacana. Se a história é boa, não me importa se é ou não algo próximo do clichê.

Você também rodou recentemente “Muitos Homens num Só”, da Mini Kerti, e ganhou o prêmio de melhor atriz no Cine PE, em Recife. Como foi esse trabalho?
Fiquei encantada pela delicadeza da Mini. Foi meu primeiro filme de época, eu tinha muita vontade de fazer um. Também queria muito trabalhar com o Vladimir Brichta. Eu faço a Eva, uma mulher casada com um aristocrata. Filmamos num verão de 40 graus no Rio, nunca passei tanto calor na minha vida, nós todos com aqueles figurinos pesados.

Você tem vontade de fazer novela?
Tenho muita vontade de fazer mais TV, provavelmente uma minissérie que encaixasse no meu cronograma. Adorei fazer “Latitudes” com o Daniel de Oliveira, uma série que eu também produzi. E adoraria fazer algo como “Amores Roubados”. Acho que eu aprenderia muito. Mas tenho que esperar o momento e o projeto certos.