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Tarantino celebra 20 anos de Pulp Fiction e pensa em filmar roteiro vazado

Thiago Stivaletti

Do UOL, Cannes (França)

23/05/2014 12h41

Há 20 anos, Quentin Tarantino faz o que quer em Cannes. Ele veio ao festival comemorar os 20 anos da Palma de Ouro a “Pulp Fiction” (pois é, lá se vão 20 anos) e vai apresentar esta noite uma sessão do filme aberta ao público na praia. O diretor fez questão de que o filme fosse exibido numa boa e velha cópia em 35mm, e não digital.

Tarantino convocou uma entrevista coletiva em cima da hora para falar de “Pulp Fiction” e do faroeste espaguete “Por um Punhado de Dólares”, que vai encerrar o festival neste sábado, outro filme que ele fez questão de apresentar.

O diretor de “Django Livre” diz que voltou a considerar filmar seu último roteiro, o western “The Hateful Eight”, cujo roteiro vazou na internet. Há um mês, Tarantino fez uma leitura pública do roteiro com Samuel Jackson, Tim Roth e outros atores, e declarou que não faria mais o filme por causa do vazamento.

“Vamos ver. Estou reescrevendo roteiro. Agora estou mais calmo, a facada nas costas já está cicatrizando. Mas não sei ainda o que vou fazer. Estou trabalhando a terceira versão, não me apresse. Talvez eu faça no palco, porque vi que funciona muito bem dessa maneira”, falou hoje.

"Pulp Fiction" - Reprodução - Reprodução
Cena do filme "Pulp Fiction: Tempo de Violência"
Imagem: Reprodução

Na entrevista, Tarantino não cansou de atacar o digital e fazer uma defesa entusiasmada da velha película. “A projeção digital é a morte do cinema como eu conheço. Os filmes não serem apresentados mais em 35 é a prova de que perdemos a guerra. Cinema digital é como ver TV em público, mas acho que o público não está nem aí em ver TV em público. Quando vejo que há uma cópia restaurada em 35, eu saio de casa e corro pro cinema. Se é um digital, eu não preciso sair de casa se tenho um bom home theater”, declarou.

Tarantino foi curto e grosso quando um repórter lhe perguntou o que achava da declaração do francês Jean-Luc Godard, que o teria chamado de “um pobre homem sem valor”. “Não acredito que ele tenha dito isso. A não ser que você prove isso ou ele diga na minha cara, eu respondo que isso é um exagero”, retrucou.