"Me senti marinheiro de primeira viagem", diz Saldanha sobre 1º live action

“Me senti um pouco marinheiro de primeira viagem”, admitiu ao UOL Carlos Saldanha, que dirigiu um dos episódios do longa “Rio, Eu te Amo”, da série “Cities of Love”, que estreia no Brasil nesta quinta (11).

Mais conhecido pelas suas grandes animações --como “Rio” e “Rio 2” e a franquia “Era do Gelo”--, Saldanha se lançou ao desafio de rodar seu primeiro live action (filme com atores reais). Esta foi também sua primeira vez a realizar uma produção no Brasil.

“Eu queria um desafio. Estou há 20 anos fazendo animação e queria uma novidade. Já fiz muito comercial de televisão no início da minha carreira, mas nada comparável a fazer um curta dentro de um longa”, comentou. “Eu estava nervoso e ansioso, mas tudo deu certo, as coisas se encaixaram. Foi uma experiência incrível de quero mais”, brincou.

Ele integrou o time de 11 diretores --entre eles Stephan Elliott, Andrucha Waddington, Fernando Meirelles, José Padilha e Guillermo Arriaga-- que, através de curtas de sete minutos, contaram histórias de amores passageiros, eternos, em crise ou amargos.

Inspiração do grupo Corpo
Em entrevista ao UOL, Saldanha deu detalhes de como foi realizar “Pas de Deux”, uma história de amor entre um casal de bailarinos vividos por Rodrigo Santoro e Bruna Linzmeyer no Theatro Municipal.

“Eu já mostrei bastante o Rio de Janeiro pelos meus filmes. Na minha cabeça, eu queria explorar espaços que não havia explorado antes. Uma das minhas paixões é o Rio antigo. O Theatro Municipal é aquela joia, aquele bibelô no meio da cidade, que ilumina o centro cinza. Achei que seria uma boa locação. Eu estava numa fase interessado em dança e pensei: por que não fazer uma história de amor entre dois bailarinos e um conflito?”, lembrou.

Uma das grandes inspirações, contou, foi um dos espetáculos do grupo Corpo que viu em Nova York. Ao seu lado estava Rodrigo Santoro, quem de imediato recebeu o convite de Saldanha para participar do curta.

“Eu já estava trabalhando com o Rodrigo havia um tempo, pois ele estava fazendo voz para o ‘Rio’. Estava procurando atores que já tivessem a faixa etária do Rodrigo, com porte físico e que pudessem ser um dançarino. Esse era o desafio: ter um bom ator e o biotipo que pudesse encaixar com esse personagem com pouco tempo de preparação. Eu tinha três semanas para fazer o filme. Não dava tempo e tinha que ser uma pessoa quase pronta. Ele estava disposto e pronto para fazer”, disse.

Assim como Bruna Linzmeyer, que já tinha experiência com dança. A atriz, que interpretou a Professora Juliana na novela “Meu Pedacinho de Chão” e a autista Linda em “Amor à Vida”, encarou viver uma bailarina. “É a história de dois bailarinos que têm uma decisão de ficar no Rio ou ir embora. Ele faz uma revelação a ela cinco segundos antes de entrar no palco do Theatro Municipal. Eles não têm tempo de discutir ali porque têm que entrar (em cena), então desenvolvem fisicamente, dançando”, resumiu.

A atriz também comenta sobre a parceria com Santoro: “Já conhecia o Rodrigo por coincidência. No primeiro trabalho que fiz como atriz, ele participou, e agora a gente se reencontrou. É bonito ver a seriedade com que o Rodrigo fala e também nos ensaios. Os nossos dublês e a coreógrafa vieram ao Rio para ensaiarmos durante uma semana e todo o tempo que tínhamos. A gente foi descobrindo esse diálogo da dança”, lembrou.

Elementos de animação
No episódio, Saldanha não abriu mão dos recursos de animação e inseriu elementos ao longo dos sete minutos do curta.

“Eu queria fazer um projeto com dança, sombras e tivesse um elemento de animação em que elas se transformassem. A gente acabou criando animações que fazem parte da coreografia. Meu medo era criar o foco na animação, queria que os bailarinos sobressaíssem e integrasse dentro do cenário”, destacou.

O filme tem estreia nacional nesta quinta (11), em 220 salas de cinema.