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Estreia de "O Abismo Prateado", com Alessandra Negrini, lota o cinema de celebridades

MICHELE GOMES

Colaboração para o UOL, do Rio

13/10/2011 07h50

Cerca de 30 minutos antes de “O Abismo Prateado” começar a ser exibido no cinema Odeon, na noite desta quarta-feira (12), os seguranças fecharam as portas por causa da lotação máxima atingida. Um time de celebridades da música e do cinema foi prestigiar o silencioso filme de Karim Aïnouz na Première Brasil, que conta com Alessandra Negrini no papel principal: Caetano Veloso, Elba Ramalho, Rodrigo Santoro... E a veterana Camilla Amado, de 68 anos, que assistiu à exibição sentada no chão, ao lado de Milhem Cortaz. E teve até hollywoodiano na plateia; Willem Dafoe estava acompanhado da mulher, Giada Colagrande. Mas apesar de tanto burburinho e de cenas quentes de nudez da protagonista, a recepção do público foi morna à trama baseada na música de Chico Buarque “Olhos nos Olhos”.

TEASER DE "O ABISMO PRATEADO"

“Eu prefiro não comentar sobre o filme, ok? Mas o Festival do Rio é ótimo”, disse o ator americano Dafoe, que está na cidade para lançar o thriller “O Caçador” e o drama “4:44 - Last Day On Earth”.

Enquanto “Olhos nos Olhos” tocava no filme cuja protagonista é abandonada pelo marido de forma repentina e tenta reerguer sua vida, Caetano Veloso cantarolava o tema ao lado de Elba Ramalho. O cantor, que se disse maravilhado com o filme pela beleza de Alessandra Negrini, também fez críticas.

“Quando eu vi a ‘longura’ das cenas, percebi que não daria para fazer todas as etapas da música. A canção de Chico tem roteiro, o filme não tem. Parece que Karim só se inspirou na música e não se baseou. Não tem a volta por cima, a superação da mulher. E eu torci para haver um romance entre os personagens de Alessandra e Thiago (Martins). Mas a gente teve a chance de ver quase duas horas de Alessandra Negrini, ela está uma coisa linda neste filme”, disse Caetano.

 

Antes de começar o filme, Alessandra falou ao UOL sobre o nervosismo de estrear na cidade onde mora. Mas com os aplausos que recebeu depois de os créditos aparecerem na telona, ela abriu um largo sorriso e declarou estar satisfeita com o resultado.

“Já lançamos o filme em Cannes e no Festival de Toronto, mas aqui foi o lugar que fiquei mais nervosa. É muita emoção exibir o filme em casa, com tantos amigos na plateia. Achei maravilhoso fazer parte de um projeto sobre ‘Olhos nos olhos’, que é Chico cantando a beleza da mulher. Eu não mudaria nada no filme e acho que o final é bem fiel à realidade. A vida é para isso, para nos curarmos”, contou a atriz.

Karim Aïnouz já fez obras que foram sucesso de público e crítica, como “Madame Satã”, mas confessa ainda ficar nervoso em estreias no Brasil.

“Há muito tempo eu não ficava tão nervoso com uma estreia. Mas foi uma noite de alegria, porque é um privilégio estrear no Festival do Rio. Queria agradecer ao Chico Buarque, por ter feito uma música tão maravilhosa, que deu origem a essa história. Dedico o filme ao Rio de Janeiro, que é um personagem importante, além da Alessandra, que foi alma, corpo e a luz desse projeto”, comentou o diretor, que também tem “O Céu de Suely” e “Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo” no currículo.

O ator Otto Jr. não é bem um novato, já que participou de dezenas de peças de teatro e tem tido uma atuação elogiada no cinema. Ele, inclusive, interpreta personagens de destaque em dois filmes da mostra: o marido de Alessandra Negrini em “O Abismo Prateado” - que lhe rendeu uma elogiada cena de nudez completa - e um comunista militante em “A Novela das 8”.

“Eu sempre quis viver de cinema e demorou a acontecer. Estar em dois grandes filmes da Première Brasil é muita alegria. Especialmente, porque são duas linhas, histórias e épocas muito diferentes. Mas são produções muito fortes na atuação. Espero que minha carreira melhore ainda mais com essas participações, sobretudo no cinema”.