Corpos emparedados e sequestros: Histórias que chocaram elenco de "Narcos"
O narcotráfico na Colômbia chegou a movimentar US$ 10 bilhões, mas o custo desta "indústria" pulsante foi alto: milhares de mortes, gastos governamentais com segurança bilionários, sequestros e civis obrigados a se mudar para regiões menos violentas.
E embora Pablo Escobar seja visto como o homem mais violento dessa história enquanto comandava o cartel de Medellín, os chefões do cartel de Cali também recorriam a assassinatos e tortura para conseguir o que queriam --eles apenas faziam isso de forma mais discreta que Escobar.
A série "Narcos", cuja terceira temporada estreou na Netflix na semana passada, retrata parte desse mundo brutal, com histórias que chocaram até o próprio elenco.
Confira a seguir quais foram os fatos sobre o narcotráfico na Colômbia que deixaram os atores de "Narcos" mais impressionados.
* A jornalista viajou a convite da Netflix
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Corpos emparedados
"O mal é o mal, dinheiro é dinheiro, a mecânica que regia os cartéis aqui é a mesma que rege outras organizações criminosas similares no mundo todo. Mas claro que houve algumas histórias que me fizeram pensar: 'meu Deus!'", diz o ator Matias Varela, que interpreta Jorge Salcedo, chefe segurança do cartel de Cali. "Havia um prédio em Bogotá no qual encontraram centenas de corpos dentro das paredes. Como eu trabalhei com construção, consigo entender a complexidade e o tempo que leva para colocar alguém em uma parede. É muito esforço."
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Corrupção
"O que foi insano para mim foi o fato de o cartel ter tanto poder na cidade e no país", diz o ator Michael Stahl-David (à esq. na foto), intérprete do agente Chris Feistl, da agência anti-drogas dos EUA. "Os grandes subornos que eles pagavam aos políticos, incluindo o presidente. E isso é muito louco", afirma ele, referindo-se ao escândalo que revelou que o presidente Ernesto Samper havia recebido dinheiro do cartel para sua campanha. Matt Whelan, parceiro de cena de Stahl-David como o agente Daniel Van Ness, completa: "Apenas o fato de que foi verdade... É uma história louca."
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Sequestros
"Para mim, o mais chocante foi quando as regras foram quebradas", diz Pepe Rapazote, que interpreta Chepe Santacruz, um dos chefes do cartel de Cali, que comandava as operações em Nova York. "Tem essa história de que não há honra entre ladrões, mas eles têm uma 'convenção de Genebra' e uma convenção de guerra. E quando Pablo Escobar começou a sequestrar adolescentes, filhos de alguns políticos, para mim isso foi inacreditável. Não havia nada que eu não tivesse ouvido antes, mas para mim, foi esse momento de 'não consigo chegar nos pais e nas mães, então vou pegar os filhos' [que chocou]. Isso é demais."
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Lavagem de dinheiro
"Acho que as pequenas coisas sobre a maneira como eles operavam [são o mais chocante]", acredita Miguel Angel Silvestre, intérprete de Franklin Jurado, operador financeiro que lavava dinheiro para o cartel de Cali. "Foi isso que me impressionou. Quando me contaram a origem do meu personagem, um órfão adotado pelo cartel de Cali, que lhe deu uma família, um lar, pagou seus estudos, o mandaram para Harvard, e voltou com a necessidade e a vontade de retribuir tudo que recebeu por anos... Mas a maneira como ele vai retribuir abre um caminho que ele não pode escapar. É uma coisa psicologicamente perturbadora". (obs.: na vida real, Jurado só se envolveu com o cartel depois de formado em Harvard, mas montou sim uma complexa rede para legalizar o dinheiro ganho com o narcotráfico).
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Só um dia normal
"Infelizmente, nada me chocou", conta o ator Jose Maria Yazpik, intérprete do traficante mexicano Amado Carrillo, chefe do cartel de Juarez. "Eu fui criado em Tijuana [fronteira do México com os EUA], essas são coisas cotidianas para mim. 'Ah, igual aquela vez, naquele verão de 1984. É, eu conhecia aquele cara...'. É triste, mas ajuda a formar caráter, acho", completa ele, que deve ganhar mais destaque na quarta temporada de "Narcos", que vai se debruçar justamente sobre os cartéis mexicanos. Leia mais
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