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Já imaginou virar seu boneco preferido? Para ator de Rogue One, foi surreal

Em São Francisco (EUA)

09/12/2016 11h29

A recordação de brincar com os bonecos de "Star Wars" permanece na memória do ator Riz Ahmed, mas agora as crianças poderão fazer o mesmo com a "action figure" (boneco) inspirada em seu personagem em "Rogue One", algo que o ator britânico considera "surreal".

Ahmed acaba de completar 34 anos, mas poderia se passar facilmente por um adolescente.

Sua carreira começou a ganhar força há uma década, quando estrelou o docudrama "O Caminho para Guantánamo", do também britânico Michael Winterbottom.

Ele participou desde então de vários filmes, com grande versatilidade de papéis, mas afirma que não estava preparado para o que aconteceria em 2016.

"Foi um momento surreal, espantoso", disse à AFP o ator nascido em Londres, filho de paquistaneses, ao recordar o momento em que viu o grande troféu de toda a aventura: seu próprio boneco de "Star Wars".

"Lembro de ter brincado com estes bonecos quando era criança e, agora, ser parte deste universo de plástico é algo maravilhoso", afirmou.

Ahmed interpreta o piloto Bodhi Rook em "Rogue One", o mais recente filme da saga espacial, que se passa em paralelo com a narrativa principal, centrada na família Skywalker. O longa se passa pouco antes de "Star Wars: Uma Nova Esperança" (1977), quando rebeldes tentam roubar os planos da Estrela da Morte, a arma de destruição em massa capaz de aniquilar planetas inteiros.

O ator foi aclamado por seu papel em "O Abutre" (2014), seu primeiro grande trabalho em Hollywood, e também esteve em "Jason Bourne", lançado este ano.

Para completar, Ahmed protagonizou em 2016 a minissérie da HBO "The Night Of", ao lado de John Turturro, em que interpretou Nasir 'Naz' Khan, um estudante americano de origem paquistanesa acusado de matar uma jovem em Nova York.

Personagens com pontos fracos

Em "Rogue One: Uma História Star Wars", Bodhi Rook é um aliado do Império que muda de lado e passa a lutar com os rebeldes.

"É um filme 'Star Wars', mas ao mesmo tempo é diferente", afirmou em uma entrevista na Industrial Light and Magic, responsável pelos efeitos especiais da Lucasfilm, em San Francisco.

"Você encara mais como um filme de guerra mais realista, unhas sujas, botinas no chão. É uma sensação de imersão que me emociona", revela.

A história de Ahmed surpreende os que não conhecem a vida do jovem da classe operária que ganhou bolsa para estudar em Oxford e adora ler sobre política, filosofia e economia.

Um perfil muito diferente dos papéis que já interpretou, como um suposto terrorista em "O Caminho para Guantánamo" (2006) e "O Relutante Fundamentalista" (2012) ou um narcotraficante em "Shifty" (2008) e em "Ill Manors" (2012).

Também trabalhou na polêmica mas elogiada sátira "Quatro Leões", em que interpreta um idealista mas cruel líder de uma célula jihadista na Grã-Bretanha.

"Sempre busco personagens com pontos fracos, não sei por quê, mas amo personagens que têm um forte sentimento de arrependimento, ou um profundo desejo de retificar algo", disse.

Além da carreira no cinema, Ahmed tem uma segunda atividade na música, como o rapper "Riz MC" no duo de hip-hop Swet Shop Boys, que aborda questões políticas, de raça e a desigualdade.

A dupla lançou recentemente a canção "T5", na qual menciona o presidente americano eleito Donald Trump. Na música, Ahmed expressa a frustração e raiva por sofrer preconceito racial - e em alguns casos maus-tratos - em aeroportos dos Estados Unidos e Grã-Bretanha.

Assim, o ator apaixonado por política acabou trabalhando naquele que é considerado o filme mais politizado de "Star Wars".

O artista, no entanto, considera todos os filmes da saga "muito políticos". "São sobre a ONU, o fim da Liga das Nações e o início do autoritarismo, do fascismo", disse.

Ao falar sobre a mensagem de "Rogue One", Ahmed a resume como a união das pessoas em tempos de adversidade, sem importar as origens.

"Em um tempo que todos falam 'nós e eles" e optam pelo tribalismo é bom lembrar que precisamos uns dos outros para resolver os grandes problemas", conclui.