Cineasta quis expor falhas do Islã em filme que causou ataque a consulado dos EUA na Líbia
O cineasta israelense Sam Bacile, de 56 anos, está escondido após o ataque terrorista que aconteceu durante a exibição de seu filme na noite desta terça-feira (11), em Benghazi. Homens armados abriram fogo contra o consulado norte-americano em protesto pelo filme, que foi considerado ofensivo ao Islã. O embaixador dos Estados Unidos na Líbia, John Christopher Stevens, e outras três pessoas morreram.
O longa-metragem, que ataca o profeta Maomé, provocou a ira de muçulmanos ultraconservadores contra missões dos EUA no Egito e na Líbia. No filme, Maomé é mostrado como mulherengo, homossexual, molestador de crianças, falso religioso e sanguinário.
Em entrevista por telefone, o roteirista e diretor Sam Bacile, judeu nascido em Israel e criado nos Estados Unidos, declarou que o Islã é um câncer e que seu filme, intitulado "Innocence of Muslims" ("A Inocência dos Muçulmanos", em tradução literal), condena a religião.
“Este é um filme político. Os Estados Unidos perderam muito dinheiro e muitas pessoas nas guerras no Iraque e no Afeganistão, mas nós estamos lutando com ideias”, disse o cineasta.
Bacile acredita que seu filme vai ajudar seu povo, expondo as falhas do Islã para o mundo.
Com duas horas de duração, "Innocence of Muslims" custou US$ 5 milhões, foi financiado com a ajuda de mais de cem doadores judeus e exibido somente uma vez em um teatro quase vazio de Hollywood no início deste ano, conta o diretor.
Sobre as pessoas que morreram por causa do protesto envolvendo seu filme, Bacile culpa a falta de segurança da embaixada e os autores da violência. “Eu sinto que o sistema de segurança [na embaixada] não é bom. A América deveria fazer algo para mudar isso”.
Steve Klein, consultor do filme de Bacile, afirma que avisou o diretor que ele seria “o próximo Theo van Gogh". Van Gogh era um cineasta holandês que foi morto por muçulmanos extremistas em 2004, depois de fazer um filme que também foi considerado ofensivo ao Islã. “Nós entramos no projeto sabendo que isso iria acontecer”, conta Klein.
Um trailer de 13 minutos do filme, que está no YouTube, mostra um elenco amador em diálogos grosseiros de insultos sobre Maomé, cujos seguidores são apresentados como um grupo de desocupados. O filme ainda retrata Maomé como um mulherengo irresponsável, que aprova o abuso sexual infantil, entre outras depravações.
O vídeo foi divulgado por Terry Jones, pastor de uma igreja da Flórida na qual um exemplar do Corão foi queimado em 2011, episódio que provocou diversos ataques no Afeganistão. Na ocasião, vários civis e funcionários da ONU morreram vítimas de represálias dos islamitas.
Assista ao trailer do polêmico filme:
Repercussão
O Vaticano condenou nesta quarta-feira (12) as ofensas injustificadas e as provocações contra os muçulmanos, considerando qualquer violência inaceitável, em clara alusão ao atentado na Líbia depois da difusão do filme.
O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, lamentou, em um comunicado, "os resultados trágicos" provocados por estas ofensas, e condenou "uma violência completamente inaceitável" depois que o embaixador americano morreu no atentado em Benghazi.
"O respeito profundo pelas crenças, os textos, os grandes personagens e os símbolos de diversas religiões é uma condição essencial para a coexistência pacífica dos povos", afirmou, lamentando "as consequências gravíssimas das ofensas injustificadas e provocações à sensibilidade dos fieis muçulmanos".
A Igreja Copta Ortodoxa do Egito também emitiu uma declaração condenando alguns coptas que vivem no exterior, que, segundo a igreja, financiaram "a produção de um filme que insulta o profeta Maomé". A embaixada dos EUA no Cairo também foi alvo de uma manifestação na terça-feira.
* Com informações da AFP, Reuters e EFE
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