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Humor irreverente de MacFarlane no Oscar não convence a todos

Antonio Martín Guirado

25/02/2013 08h04

Seth MacFarlane, apresentador da 85ª edição dos prêmios Oscar, cantou, dançou, se meteu com metade da plateia e usou seu humor irreverente, mas suas intervenções mais redondas foram se diluindo em uma festa de mais de três horas e meia que contou com um sem-fim de atuações musicais.
 

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O próprio mestre de cerimônias pareceu perceber que o espetáculo se tornou repetitivo e brincou a respeito no trecho final: "Veremos se o Oscar de melhor atriz vai para Quvenzhané Wallis, de nove anos, ou para Emmanuelle Riva (de 86), que tinha nove quando começou a festa".

MacFarlane se confirmou como uma aposta arriscada por parte dos produtores do evento, Craig Zadan e Neil Meron, e embora a imprensa especializada tenha louvado sua "incorreção" no começo, grande parte dela concordou em assinalar que suas aparições foram esporádicas demais e sem a força exibida em seus primeiros instantes sobre o palco.

Em seu discurso de abertura, se mostrou mais mordaz e não duvidou em lançar dardos envenenados a torto e a direito, provavelmente nos quais foram seus minutos mais inspirados do evento.

O criador da série "Family Guy" aproveitou para entoar a canção "We Saw Your Boobs" e enumerar várias atrizes que deixaram ver seus encantamentos em diferentes filmes, como Charlize Theron, a espanhola Penélope Cruz e Kate Winslet.

"Honestamente, não posso acreditar que esteja aqui. É uma honra que todos os demais tenham dito não a este trabalho. Desde Oprah Winfrey até (a estrela do pornô) Ron Jérémy", afirmou o humorista, que como costuma ser habitual neste evento, fez um repasse dos indicados a melhor filme em tom brincalhão.

"Argo se baseou em uma história tão secreta que inclusive seu diretor é um desconhecido para a Academia", espetou MacFarlane em alusão à ausência de Ben Affleck na categoria de melhor diretor.

"A Hora Mais Escura", o filme de Kathryn Bigelow protagonizado por Jessica Chastain, também não se livrou: "É o perfeito exemplo da inata capacidade das mulheres de serem cabeçudas quando desejam alguma coisa", indicou sobre a persistência da protagonista na operação de caça e captura de Bin Laden durante 12 anos.

Também brincou de Jean Dujardin (ganhador do Oscar de melhor ator na edição passada) e se lembrou do casal formado por Rihanna e Chris Brown.

"O Oscar claramente faz com que sua carreira decole. Vejam Jean Dujardin. Está em toda parte!", comentou em referência à escassez de títulos proeminentes do francês desde que ganhou a estatueta.

Prevendo as possíveis críticas a sua atuação, MacFarlane foi acompanhado no começo da festa por William Shatner encarnando o capitão James T. Kirk de "Jornada nas Estrelas", que assegurou que vinha do futuro para adverti-lo que suas brincadeiras iam coroá-lo como "o pior apresentador da história dos prêmios Oscar".

Nesse momento MacFarlane se refez e protagonizou vários números musicais, entre eles alguns muito vistosos com Charlize Theron, Channing Tatum, Daniel Radcliffe e Joseph Gordon-Levitt.

Houve também homenagens aos principais musicais da última década com referências a "Chicago", "Dreamgirls - Em Busca de um Sonho" e "Os Miseráveis", cujo mágico número com todo o elenco (Hugh Jackman, Anne Hathaway e Russell Crowe inclusos) foi um dos momentos de destaque da cerimônia.

Depois MacFarlane tentou recuperar protagonismo, mas só o conseguiu por instantes com uma ou outra pérola que provocou certa polêmica nas redes sociais.

Falando sobre a capacidade de Daniel Day-Lewis para se colocar no papel de Abraham Lincoln, afirmou: "Acho que John Wilkes Booth foi quem entrou realmente em sua cabeça", em alusão ao tiro que o ex-presidente americano recebeu e que o matou em 1865.

Também houve quem rotulou de inadequado seu comentário sobre Javier Bardem, Penélope Cruz e a mexicana Salma Hayek. "Agora é quando aparecem e não nos entendemos nada do que dizem, mas não importa porque eles são muito atraentes".