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Os 50 anos de Sam Mendes, um homem de teatro que triunfou no cinema

O diretor Sam Mendes - Reuters
O diretor Sam Mendes Imagem: Reuters

Carmen Rodríguez

01/08/2015 13h05

O diretor Sam Mendes considera o teatro seu "lar", embora suas incursões no cinema também tenham lhe proporcionado grandes sucessos, e agora o britânico cruza a fronteira dos 50 anos à espera de que seu novo James Bond conquiste o público.

Samuel Alexander Mendes, nascido em 1º de agosto de 1965 na cidade britânica de Reading, está há quase duas décadas revezando entre o teatro - onde começou após sua passagem por Cambridge - e o cinema, ao qual chegou depois dos 30 anos já com uma sólida reputação como diretor sobre os tablados.

Um caminho entre as duas artes que Mendes não deixa de transitar.

"Quando termino de editar um filme geralmente quero voltar ao teatro. É como estar em casa, é controlável depois do caos do set de um filme. Mas não passará muito tempo antes que queira fazer outro filme, e sou muito afortunado de poder fazer uma e outra coisa", declarou o diretor recentemente.

Sua última incursão no celuloide foi "007 contra Spectre", o segundo filme de James Bond dirigido por Mendes, que estreou na saga com "007 - Operação Skyfall" (2012) e, fiel a seu costume, entre ambas levou ao teatro "A Fantástica Fábrica de Chocolate", comprovando sua versatilidade.

Após fazer de "Skyfall", filme britânico de maior bilheteira da história, o diretor volta a dar a Daniel Craig licença para matar, enquanto o oscarizado Christoph Waltz interpretará o vilão e Monica Bellucci uma das "Bond girls".

Mendes faz de Bond uma pessoa 'normal': deprimido, com dúvidas morais sobre seu trabalho e enfrentando conflitos pessoais. Mas, por mais que o britânico adore estar por trás das câmeras, o teatro tem para ele "uma magia particular" que lhe permite "contar histórias da forma mais pura".



Filho de um professor universitário e uma autora de contos infantis, Mendes começou sua trajetória teatral no Festival de Chischester e com apenas 24 anos estreou no West End londrino.

Naquela ocasião, pôs em cena "O Jardim das Cerejeiras" (1989), de Anton Tchekhov, com uma protagonista de exceção, Judi Dench, o que marcou o início de uma carreira repleta de reconhecimentos.

Mendes dirigiu obras de William Shakespeare com a Royal Shakespeare Company e de autores como Harold Pinter e Tennessee Williams, sem esquecer suas versões de musicais famosos como "Gypsy", "Oliver!" e "Cabaret".

Foi precisamente seu prestígio como diretor de cena que lhe abriu as portas do cinema, por meio de Steven Spielberg, que, após ver seu "Cabaret", lhe propôs um projeto para a grande tela.

E assim chegou "Beleza Americana" (1999), uma obra-prima que ganhou nada menos que cinco prêmios Oscar, entre eles o de Melhor Filme, Melhor Diretor para Mendes e Melhor Ator para Kevin Spacey.
 

A história de uma família típica americana se diferencia por sua crítica impiedosa e mordaz da sociedade, através de um pai de família quarentão que fica de quatro por uma "lolita". Tudo isso sustentado por um roteiro brilhante, atuações de alto nível e uma destacável beleza estética.

Mendes precisou combinar o sucesso de "Beleza Americana" e seu segundo filme, "Estrada para Perdição", (2002), uma história de máfia com Tom Hanks e Paul Newman, com seu cargo durante uma década como responsável artístico do Donmar Warehaouse Theatre de Londres.

A estreia de "Estrada para Perdição" em Londres, aliás, foi o cenário no qual Mendes e Kate Winslet fizeram sua primeira aparição como casal. Os dois se casaram meses mais tarde e de seu casamento, que durou sete anos, nasceu seu filho Joe.

Mendes dirigiu Winslet em apenas uma ocasião e a colocou ao lado de seu par em "Titanic" (1997), Leonardo DiCaprio, no filme "Foi Apenas um Sonho", no qual o britânico voltou a abordar o tema da família em uma produção na qual os personagens lutam para fugir da mediocridade.

Pouco depois, ele embarcou em "The Bridge Poject" junto com Kevin Spacey em um plano de três anos para unir o teatro britânico e o americano que realizou cinco produções internacionais clássicas.

Antes da entrada em cena de James Bond em seus projetos, Mendes rodou "Distante Nós Vamos" (2009), história de um jovem casal que, ao saber que terá um filho, percorre os Estados Unidos para encontrar um lugar para formar uma família.

Seu último filme, "007 contra Spectre", estreará em poucos meses e pode marcar o adeus do diretor a James Bond.

"Disse a mesma coisa no anterior e acabei voltando atrás, mas acho que provavelmente este será o último", afirmou Mendes recentemente, deixando um fio de esperança para os fãs.