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Depois de enfrentar Stallone, Dolph Lundgreen se une a ele em ''Os Mercenários''

Ator Dolph Lundgren dá vida a Gunner Jensen  em ""Os Mercenários"" - Divulgação
Ator Dolph Lundgren dá vida a Gunner Jensen em ''Os Mercenários'' Imagem: Divulgação

KARL ROZEMEYER

Do Hollywood Watch

09/08/2010 07h02

Passaram-se 25 anos desde que Dolph Lundgren, apenas no seu segundo filme, entrou no ringue para enfrentar Sylvester Stallone. No clímax esmagador de “Rocky 4” (1985), o sueco musculoso de 1,95 metro interpretava Ivan Drago, um boxeador soviético com força super-humana. Usando um calção vermelho com a foice e martelo em amarelo, ele enfrentava Rocky Balboa (Stallone), cujo calção tinha a estampa patriótica de listras e estrelas da bandeira americana.

Era uma época diferente. Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev tinham concluído um encontro de cúpula bem-sucedido apenas dias antes da estreia do filme, mas a Guerra Fria ainda fervia, e “Rocky 4” transformou sua luta final em um símbolo do confronto titânico entre os Estados Unidos e a União Soviética.

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    Em ''Rocky 4'', Dolph Lundgreen interpreta o boxeador Ivan Drago, adversário de Rocky Balboa (Sylvester Stallone) nos ringues

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    Lundgreen volta a contracenar com Stallone em ''Os Mercenários''

Um quarto de século depois, a Guerra Fria é História, a Rússia deixou de ser comunista, os Estados Unidos têm novos inimigos... e Stallone e Lundgren estão novamente dividindo a tela em “Os Mercenários”, dirigido por Stallone e com estreia prevista para 13 de agosto. O filme reúne um elenco poderoso de heróis de ação veteranos, incluindo Steve Austin, Jet Li, Mickey Rourke e Jason Statham. Em um momento de sonho para os fãs de ação dos anos 80, Stallone, Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis aparecem juntos em uma cena.

 Stallone interpreta Barney “The Schizo” Ross, que lidera um grupo de mercenários em uma operação secreta financiada pela CIA para derrubar um ditador de um pequeno país sul-americano. Lundgren é Gunnar Jensen, um atirador que foi expulso da equipe após uma missão anterior, por comportamento imprudente que colocava em risco toda a equipe.

“Gunnar é bom no que faz”, diz Lundgren. “Ele apenas exagera. Ele é um sujeito imprevisível e o personagem de Stallone precisa se livrar dele. No roteiro original, ele também tinha um problema de abuso de substâncias, e ele também já viu coisas demais.” Os fãs de Lundgren vão apreciar particularmente uma cena na qual Li e Lundgren partem para a porrada, uma sequência que exibe as habilidades de luta de ambos os atores.

“Jet é um campeão de wu-shu e eu luto caratê”, diz Lundgren, falando por telefone de Los Angeles. “Elas são muito diferentes. Ambas são artes marciais, mas wu-shu é mais leve, se move mais, tem um quê de balé, enquanto o caratê é mais direto e usa mais força. Eu acho que Stallone fez um bom trabalho casando as duas, extraindo entretenimento disso".

Experiências

Lundgren já apareceu em quase 40 filmes, mas sua ascensão ao estrelado não foi predestinada. Como ex-levantador de peso e campeão de caratê, ele poderia ter permanecido no esporte profissional. Lundgren também fala pelo menos cinco línguas e já foi um promissor acadêmico de ciência: após obter um mestrado em engenharia química pela Universidade de Sydney, ele recebeu uma bolsa Fulbright para dar continuidade aos seus estudos no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, mas ele desistiu abruptamente em 1983 para seguir carreira como ator.

“Havia algo em minha alma que me atraía para as artes e para o show business. O caratê ensina a você a respeito de si mesmo. Ele é duro e você precisa sofrer durante as dificuldades. Eu suponho que a engenharia seja o mesmo. Mas eu acho que as artes realmente são um desafio para todo seu ser. Eu senti que seria uma forma de descobrir a respeito de mim mesmo.”

“Quando eu era pequeno, eu tive muitos problemas em casa e com meus pais. Eu acho que foi David Mamet que disse que ‘ninguém com uma infância feliz já ingressou no show business’. Certamente se aplica a mim.” Ele estreou como ator em um pequeno papel como um agente da KGB em um filme de James Bond, “007 –Na Mira dos Assassinos” (1985), que era co-estrelado por sua então namorada, a cantora/atriz Grace Jones, que sugeriu Lundgren aos produtores do filme.

Mas foi “Rocky 4” que garantiu o futuro de Lundgren no cinema. Ele superou milhares de outros atores para o papel de Drago e se transformou em um rosto conhecido quase que da noite para o dia. “Foi uma coisa boa e ruim, porque eu fiquei muito famoso rápido demais. Foi uma tremenda guinada na vida. Foi muito difícil para mim lidar com a fama, após vir de uma cidade pequena na Suécia. Aquilo sacudiu toda minha existência.”

O papel seguinte de Lundgren foi o de He-Man, em “Mestres do Universo” (1987), uma adaptação para o cinema do desenho popular, e ele fez uma série de filmes de ação nos quais trabalhou com alguns dos cineastas mais respeitados de Hollywood, como Roland Emmerich, John Sayles e John Woo. Mas ele não encontrou um novo equilíbrio até que recebeu a oportunidade de dirigir. “Foram necessários anos para eu me firmar e voltar às artes marciais. Eu tive que recuar uns 10 ou 15 anos. Então, quando comecei a dirigir por volta de 2004, eu comecei a me sentir mais à vontade na indústria.”

TRAILER ORIGINAL DE ''OS MERCENÁRIOS''

Isso aconteceu quando o diretor Sidney J. Furie adoeceu durante a produção de “O Defensor –Protegendo o Inimigo” (2004), que seria estrelado por Lundgren. Os produtores pediram a ele que assumisse a direção, para sua surpresa. “Eu fiquei um pouco chocado quando pediram e fiquei lisonjeado. Mas eu hesitei. Eu me tornei ator por sorte, meio por acaso, e aconteceu o mesmo com a direção. Mas assim que comecei a dirigir, eu percebi que era algo mais desafiador e me senti um pouco mais satisfeito. Meio que me lembrou um pouco da engenharia na faculdade, onde você fazia multitarefas e fazia coisas mais intelectuais.”

Lundgren continuou dirigindo –seu mais recente filme, o direto para vídeo “Ação e Reação” (2010), é o seu sexto– e sua abordagem está longe de ser convencional. Ele diz que “Ação e Reação” foi influenciado por “Marcas da Violência” (2005) de David Cronenberg e por alguns filmes franceses de Alain Delon dos anos 60.

“O personagem principal é muito misterioso, meio que mal-humorado e sensual. Eu só dirigi seis filmes até agora. Eu não tenho nenhum treinamento formal –eu tive que aprender no trabalho. Eu me vejo como um estudante. Eu gosto de aprender e a melhor forma de aprender é fazendo sua versão de algo de autoria de alguém que é um mestre no assunto, seja nos esportes ou nas artes.”

Stallone dirigiu muitos de seus próprios filmes desde 1978 e Lundgren diz admirá-lo em ambas as funções. “Eu também tento aprender com ele. Obviamente ele é alguém que está fazendo isso há bastante tempo. Não há muitas pessoas que fizeram mais filmes de ação do que ele, com exceção talvez de Clint Eastwood.”

 

O nome de Eastwood aparece várias vezes na conversa com Lundgren. Ele se diz particularmente impressionado com a forma como Eastwood, que se tornou um astro interpretando heróis de ação lacônicos em filmes que costumavam ser malhados pelos críticos, reinventou sua carreira aos 61 anos, quando dirigiu “Os Imperdoáveis” (1992). Hoje ele é um múltiplo vencedor do Oscar e um dos cineastas mais respeitados de Hollywood. “Ele é um exemplo para mim”, diz Lundgren, 52 anos. “Eu acho que hoje é possível continuar trabalhando por um longo tempo em Hollywood. Independente de você ser homem ou mulher, você pode ter uma carreira após os 50 ou 60 anos, e ainda ser atraente e desejável.”

Lundgren, que vive com sua esposa e duas filhas na Espanha, recentemente foi co-apresentador do Festival de Música Eurovision em seu país natal, interpretando uma canção de Elvis Presley ao vivo. Ele também tocou bateria e demonstrou caratê. “Há muita gente muito melhor do que eu cantando e dançando”, ele diz, rindo. “Eu suponho, no meu caso, que tenha sido interessante por ser algo inesperado vindo de um sujeito como eu. Eu acho que os suecos adoraram e isso me animou. Me deu muita força interior para fazer coisas em sueco, algo que nunca fiz antes. Foi realmente especial para mim.”

Lundgren espera algum dia fazer um filme na Suécia, talvez um drama situado naquele país durante a Primeira ou Segunda Guerra Mundial. “O céu é o limite”, diz Lundgren. “Eu estou certo que em grande parte permanecerei no gênero de ação por ora. Eu sempre farei filmes de ação, porque eu gosto e também porque é onde as pessoas querem me ver. Mas por que não fazer outras coisas? Eu acho que é sempre bom surpreender as pessoas.

(Tradução: George El Khouri Andolfato)