Festival É Tudo Verdade homenageia Eduardo Coutinho e exibe obra restaurada do cineasta
A organização do festival É Tudo Verdade apresentou nesta segunda-feira (12) a programação da 17ª edição do evento dedicado ao cinema documental, que será realizada simultaneamente em São Paulo e no Rio de Janeiro, de 22 de março a 1º de abril.
Entre os 80 documentários que integram a programação, 25 terão sua estreia mundial no festival, que também contará com retrospectivas do cineasta argentino Andrés di Tella - que participará de debates e apresentará seu novo filme, "Golpes de Machado" - e do brasileiro Eduardo Coutinho, cujo viés será o percurso que levou o documentarista a realizar "Cabra Marcado para Morrer" (1984), um de seus principais trabalhos, cuja restauração está sendo finalizada pela Cinemateca Brasileira.
Homenagem a Eduardo Coutinho
"Estamos saudando um dívida do É Tudo Verdade com o Coutinho", afirmou Amir Labaki, criador e diretor do festival, durante entrevista coletiva. "A obra dele ganhou um tal reconhecimento que quase prescindia do É Tudo Verdade. Mas Coutinho se mostrou emocionado com a restauração e mostrou vontade de mostrar 'Cabra' e discuti-lo com quem ajudou-o a fazer o filme". Labaki explicou que foi o próprio cineasta que destacou quais foram os filmes importantes para sua formação como documentarista, que integrarão a retrospectiva.
Sobre os filmes selecionados para as mostras competitivas internacional e nacional, que já haviam sido anunciados, Labaki comentou que, diferente de anos anteriores, há uma grande variedades de temas. Na produção nacional, no entanto, predominaram duas vertentes: a primeira, voltada para o cinema direto, apoiado pela revolução digital, que busca registrar tanto uma determinada realidade quanto o processo de registro; a segunda, volta-se para o resgate do documentário histórico-cultural, que revê momentos e personalidades relevantes da história nacional.
Filmes de abertura
Esse é o caso de "Jorge Mautner - O Filho do Holocausto", de Pedro Bial e Heitor D'Alincourt, e "Tropicália", de Marcelo Machado, filmes escolhidos para a abertura do festival no Rio e em São Paulo, respectivamente.
“Tropicália”, que foi exibido à imprensa paulista, costura imagens de arquivo e entrevistas atuais para traçar um histórico do movimento capitaneado por Caetano Veloso e Gilberto Gil. Além de depoimentos que são verdadeiros achados – como Gláuber Rocha dizendo “Já enchi o saco desse negócio”, sobre as comparações entre a Tropicália, seu filme “Terra em Transe” e a montagem de “O Rei da Vela” por Zé Celso Martinez Corrêa, e Tom Zé fazendo uma performance para explicar a influência do movimento nos jovens – o documentário chama a atenção pelo uso de grafismos que remetem à estética da época.
“Nada que foi feito antes retrata a complexidade, a variedade , a importância e a influencia que o movimento teve na cultura brasileira como esse documentário”, afirmou Labaki, que se disse “um filho da Tropicália".
Além das exibições de documentários, o É Tudo Verdade promove também dois debates: no Rio, Renato Terra e Flávia Castro falam sobre o processo de produção de seus filmes “Uma Noite em 67” e “Diário de uma Busca”, respectivamente; em São Paulo, Lucas Bambozzi e Marcelo Bauer discutem o papel das novas mídias no documentarismo.
Em São Paulo, o festival é realizado no Cinesesc, no Centro Cultural Banco do Brasil, na Cinemateca e no Museu da Imagem e do Som. No Rio, os cinemas que recebem sessões do evento são o Espaço Itaú Botafogo, o Centro Cultural Banco do Brasil, o Instituto Moreira Salles, o Oi Futuro e o Espaço Museu da República. Também haverá itinerâncias do festival em Brasília (entre 10 e 15 de abril) e, pela primeira vez, em Belo Horizonte (em maio). Todas as sessões são grátis. Mais informações no site do É Tudo Verdade.
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