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"Valente" traz princesa fora dos padrões, mas não convence com conto de fadas

A princesa Mérida, protagonista da animação "Valente", da Disney-Pixar - Divulgação
A princesa Mérida, protagonista da animação "Valente", da Disney-Pixar Imagem: Divulgação

Mariana Tramontina

Do UOL, em Edimburgo (Escócia)*

11/06/2012 00h01

"Valente", a nova animação da safra Pixar/Disney que chega ao Brasil em 20 de julho, quebra tradições no currículo das duas produtoras. A Pixar ganha seu primeiro conto de fadas, sua primeira protagonista feminina e seu primeiro filme de época, enquanto a Disney estreia sua primeira princesa fora dos padrões.

Merida é uma heroína da era medieval, mas cheia de dilemas modernos. Filha do rei Fergus e da rainha Elinor, ela quer conquistar seu espaço como mulher e arqueira, sua grande habilidade aprendida na infância com o pai. Enquanto a mãe, elegante e rígida com as tradiçōes, não aceita a liberdade da filha, a jovem desafia um costume sagrado. Ao pedir a ajuda de uma bruxa, o caos se instala no reino.

O humor inerente da Pixar está presente na construção dos diálogos, mas aqui aparece principalmente nas características dos personagens --algumas das cenas mais engraçadas do filme são protagonizadas pelos irmãos trigêmeos da princesa, que não pronunciam uma palavra sequer na trama. Os cabelos ruivos e cacheados de Merida, uma afronta às princesas sempre tão certinhas e caretas, representam o espírito aventureiro e libertário da garota.

Outra forte característica de "Valente" é a imersão completa no ambiente: a Escócia antiga. Entre os aspectos misteriosos do país levados em cena está o chamado "will o' the wisps", uma adaptação do folclore local. Trata-se de um fenômeno natural que acontece nos pântanos escoceses, onde o encontro da penumbra com os gases formam uma luz de cor azulada. Conta-se que as pessoas costumavam acompanhar as luzes flutuantes acreditando serem fadas, a mesma que leva Mérida ao encontro da magia.

É neste território especializado pela Disney, das histórias imaginárias em que princesas do bem reinam contra o mal, que a Pixar escorrega a mão. A fábula da mocinha em busca de um feitiço que mude seu destino não convence ao exagerar na dose fantasiosa e, por vezes, soar confusa em seu papel na narrativa ao tentar transmitir valores culturais sem deixar de lado as marcas da Pixar.

"Valente" pode ser considerada um dos trabalhos mais obscuros da produtora. Em meio a uma dramaticidade, o longa traz um tom de seriedade até então inexplorado. Mas enquanto cenários épicos e paisagens enchem os olhos, os sotaques e dialetos em frases irreconhecíveis divertem o público. O desafio da produção agora é transpor, sem perder a graça, estes traços para as cópias dubladas que chegarão aos cinemas brasileiros.

No Brasil, "Valente" estreia em 20 de julho e chegará às telas com as vozes de atores televisivos como Murilo Rosa, Rodrigo Lombardi e Luciano Szafir. A cantora teen Manu Gavassi, do cast da Disney, interpreta em português as duas canções do filme.

*A jornalista viajou à convite da Pixar/Disney