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Crescida, "Miss Sunshine" acha natural ganhar papéis mais maduros

Ian Spelling

Do Hollywood Watch

13/04/2013 07h00

A pequena Miss Sunshine está crescendo.

Abigail Breslin tinha só cinco anos quando estreou no cinema em "Sinais" (2002), e dez quando foi indicada ao Oscar como Melhor Atriz Coadjuvante por sua atuação na pele de Olive Hoover em "Pequena Miss Sunshine" (2006); hoje, com quase 17, a jovem já estendeu o trabalho para o palco – incluindo uma produção muito elogiada na Broadway, de "The Miracle Worker", em 2010 – e passou a assumir papéis cada vez mais maduros como em "Três Vezes Amor" (2007), "Uma Prova de Amor" (2009), "Zumbilândia" (2009) e "Noite de Ano Novo" (2011).

PRÓXIMOS PROJETOS

  • Getty Images

    Com "Chamado de Emergência", começa um verdadeiro festival Abigail Breslin: a seguir vem aí "Ender's Game", "Final Girl", "Haunter" e "August: Osage County". Os projetos vão desde um épico de ficção científica à comédia, passando por um suspense que marca a estreia na direção do polêmico fotógrafo Tyler Shields. Abigail faz um breve comentário sobre cada um.
    "'August: Osage County' é baseado numa peça de Tracy Letts", começa ela, "e me deixou muito empolgada. O elenco é sensacional. Meryl Streep, Julia Roberts, Benedict Cumberbatch, Ewan McGregor; 'Haunter' é um terror assustador, mas não tem nada sanguinolento. Vai mais para o lado do terror psicológico, é horripilante. 'Final Girl' é um filme que fiz em Vancouver há uns dois meses, dirigido por Tyler Shields. Ele é muito divertido e ... diferente. Com certeza, é bem diferente".
    "Já 'Ender's Game' é baseado no livro de ficção científica de Orson Scott Card 'O Jogo do Exterminador'", ela prossegue. "É com Harrison Ford, Asa Butterfield, Hailee Steinfeld, Viola Davis e um monte de gente bem legal. Eu sou Valentine, irmã de Ender. Foi legal conhecer os fãs dos livros e discutir com eles a história e o perfil da minha personagem."
    "Insano fazer parte desse trabalho, mas mais por causa dos fãs", ela acrescenta. "O set era imenso, mas tentei me preparar como faço em qualquer papel, em qualquer outro filme sem me deixar impressionar. O legal é que o diretor, Gavin Hood, teve um cuidado grande com os personagens e a gente discutia as cenas e as emoções de cada um. Ele não pensou só no lado da ficção científica, espacial, nos efeitos."

No último ano, Abigail concluiu cinco filmes e o primeiro a ser lançado é "Chamado de Emergência", de Brad Anderson, um suspense que chega às telas brasileiras neste fim de semana. Nele, a atriz interpreta Casey, adolescente que foi sequestrada e cuja única esperança de resgate é Jordan (Halle Berry), uma atendente do serviço de emergência para quem liga do porta-malas do carro de seu raptor.

"Tento não pensar muito sobre maturidade ou a responsabilidade que é estar no set porque acho que teria um treco", confessa, "mas já estou com quase 17 anos e todos os papéis que interpreto agora são condizentes com a minha idade. É a coisa mais natural. Estranho seria se alguém achasse tudo bem eu interpretar uma garotinha de onze".

"Casey é a adolescente típica", explica ela. "É uma garota bem legal, ajuizada. Não apronta muito nem xinga demais... e quando é sequestrada, você imagina que é a última pessoa do mundo que poderia se defender sozinha."

"Só que ela não se faz de vítima", prossegue. "Tenta sair da situação e luta para não deixar acontecer o que acaba acontecendo, mas faz o que pode para voltar para casa."

Abigail descreve a produção de baixo orçamento como "uma viagem insana em ritmo forte". Foi também uma experiência claustrofóbica, já que teve que passar horas sem fim no porta-malas de um carro.

"A minha sorte foi que estava trabalhando com gente muito boa, que facilitou tudo ao máximo", conta ela, "mas é difícil, muito intenso, porque você tem que se preparar mentalmente para passar tanto tempo fechada ali dentro. Além disso, teve as cenas de ação e tudo o que rola depois (não posso contar para não estragar), que também foram bem intensas".

"O que aconteceu foi que, um dia, eu estava no porta-malas, fazendo uma cena em que aparecia no telefone, gritando, chorando e tendo um surto com a personagem da Halle do outro lado da linha e, de repente, no celular que eu estava usando ouvi uma pessoa atender e dizer 'alô'."

"Não entendi bem o que estava acontecendo, mas estava no meio da gravação e continuei na boa, só que a pessoa do outro lado estava quase tendo uma síncope", continua. "Quando gritaram 'Corta!', expliquei o que tinha acontecido e falei: 'Melhor ligar de volta para a menina e explicar o que estava acontecendo, que era só um filme porque ela estava em pânico'."

"Não sei o que fiz, mas acho que acabei discando um número qualquer por engano."

"Chamada de Emergência" é o segundo filme de Abigail com Halle Berry ‒ quer dizer, mais ou menos; as duas estiveram em "Noite de Ano Novo" (2011), mas não aparecem na mesma cena em nenhum dos dois longas.

"É, já está virando rotina", brinca. "Dessa vez pelo menos eu falei com ela! É que eu usei um microfone no ouvido, então era como se ela estivesse mesmo num centro de atendimento e eu fazendo as cenas do porta-malas e vice-versa. Foi bem legal o que o Brad fez, ajudou muito porque estávamos mesmo falando uma com a outra."

"Além disso, teve vários dias de ensaio e conversamos bastante sobre as cenas, então deu tudo certo."

Trailer de "Chamada de Emergência"

Futuro
Com o tempo, Abigail espera explorar as outras facetas do cinema, incluindo produção, direção e roteiro. Ah, e também anda interessada em música. Sem contar que está chegando a hora de ir para a faculdade ‒ e pensa em estudar em Notre Dame se realmente se decidir por aprimorar sua educação.

Por enquanto, porém, ainda é adolescente e estrela em ascensão; e como tal, embora não seja um ímã para os tabloides, sabe que muita gente está de olho no que faz. Basta sair para tomar um café para ver fotos de si postadas, momentos depois, no Facebook e Instagram.

Halle Berry fala sobre "Chamada de Emergência"

"Por um lado é interessante", a jovem defende, "porque cresci nesse mundo da tecnologia e tal, então não é tão estranho. Todo mundo acaba tendo que lidar com algum grau de pressão – seja no colégio, seja fazendo filmes. Todo mundo se sente meio na obrigação de fazer isso ou aquilo".

"Ainda bem que quando estou trabalhando, só me preocupo com o filme em questão", ela conclui. "Tive sorte até agora de fazer só filmes que queria fazer e trabalhar com gente que admiro, mas quando estou de folga, fico em casa com a família, meus cachorros e meus amigos e procuro nem pensar no resto."

(Ian Spelling é jornalista freelancer em Nova York.)