Filme inspirado em Renato Russo é para jovens de hoje, diz diretor de "Somos Tão Jovens"
O cineasta Antonio Carlos da Fontoura sempre teve o sonho de fazer um longa sobre música. "Mas não tinha a intenção de gravar especificamente um filme sobre o Renato Russo", disse. E foi assim que ele chegou à direção de "Somos Tão Jovens", produção que retrata o período entre o surgimento do Aborto Elétrico e o começo do sucesso da Legião Urbana.
Segundo o cineasta, a ideia não era fazer um "docudrama" dos anos 70 e 80. "O filme é para os jovens de hoje, e não daquela época", disse ele na tarde desta terça-feira (23) em conversa com jornalistas, em São Paulo, sobre o filme que estreia nos cinemas no próximo dia 3 de maio.
"A vida de Renato, apesar de breve, de 36 anos, é muito grande para ser tratada num filme. Percebi que o Renato tinha nascido no mesmo ano da fundação de Brasília [em 1960]. A partir daí tive a ideia de contar a história de um moleque que cresceu em Brasília e era 'fora da caixa', diferente dos outros", disse.
Para construir "Somos Tão Jovens", o diretor contou com a aprovação de dona Carminha, mãe de Renato, e com a ajuda do produtor Luiz Fernando Borges e do escritor Carlos Marcelo, autor do livro "Renato Russo - O Filho da Revolução".
No filme, Renato Russo é vivido pelo ator Thiago Mendonça. Ele --que já interpretou o cantor Luciano no filme "2 Filhos de Francisco"-- aprendeu a tocar violão e teve aulas de canto. "Como todo personagem, precisei humanizar a figura do Renato, tirando o lugar do mito", disse Thiago.
O diretor Antonio Carlos da Fontoura com o ator Thiago Mendonça
Personagens fictícios
Alguns dos personagens da trama foram inseridos para representar algo da vida de Renato, como a atriz Laila Zaid, que interpretou o papel de Ana Claudia Costa e Pinto, filha de um militar. "A Aninha é um personagem ficcional. O filme é amarrado em fatos. Sintetizei todas as mulheres que o Renato teve em uma só", explicou Fontoura. "Mas era verdade que o Renato levava as meninas para a casa dele porque a mãe dele me contou".
Para Laila, sua personagem no filme representou o papel do feminino e da descoberta da sexualidade na vida de Renato. Antigo guitarrista da banda, Dado Villa-Lobos comentou sobre o tabu na época. "Uma relação homossexual naquela cidade era muito difícil. Se já era difícil pegar uma menina, imagina um menino?", brincou. "Sabíamos que havia o homossexualismo no meio, mas não tínhamos o interesse sobre o assunto".
O personagem de Carlinhos (interpretado por Antonio Bento), com que o cantor se relacionou brevemente no longa, também é fictício. "Inserimos para fazer a ligação de Renato com a região de Taguatinga, no Distrito Federal, onde ele era viciado. O Carlinhos também representou uma classe social diferente da de Renato", disse Fontoura.
Personagens reais
O papel de Dado Villa-Lobos é interpretado pelo próprio filho do músico, Nicolau Villa-Lobos. Estudante de cinema e jogador profissional de pôquer, ele disse que confundia atuação com vida real. "Foi acontecendo. Não sei até que ponto atuei, porque não sou ator. O Dado sempre foi meio contido. Identifiquei isto e tentei mostrar na tela", contou.
O filho do baterista Marcelo Bonfá, João Pedro Bonfá, também chegou a ensaiar as músicas para participar do filme, mas acabou deixando a produção por problemas de saúde. Em seu lugar entrou o amigo Conrado Godoy.
A verdadeira irmã de Renato, Carmem Teresa, ganhou vida na atuação da atriz Bianca Comparato. "Não me preocupei em agradar a Carmem, que acompanhou de perto as gravações, mas sim em fazer um bom trabalho de atriz. Foi uma tarefa de observação e de pegar as coisas que ela falava nas entrelinhas. Fiz com leveza para transmitir o amor e o carinho que existia entre eles", disse Bianca.
Os atores Thiago Mendonça e Laila Zaid: no filme eles vivem um romance de altos e baixos
Gravações
O elenco do filme ficou em Brasília durante dois meses gravando nos lugares onde Renato passou durante o período em que morou com os pais. O entrosamento natural do elenco foi um pedido do diretor e, por isso, os atores se hospedaram juntos no oitavo andar do Hotel Nacional.
"Quando via, eles estavam tocando e cantando as músicas do Legião na madrugada. Não sei como os hóspedes aguentaram", brincou Fontoura. "Foi fácil para nós porque éramos uma galera de verdade em Brasília. Vivemos intensamente os dias de gravação", contou a atriz Laila Zaid.
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