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"Homem de Ferro 3" fecha trilogia com temas políticos e herói mais humano

Estefani Medeiros

Do UOL, em Los Angeles*

26/04/2013 11h25

Tony Stark exibe seus sentimentos mais humanos: de crises de insônia e ansiedade a uma arrogância cativante. Em "Homem de Ferro 3", que chega aos cinemas brasileiros nesta sexta-feira (26), o herói conquista o público ao protagonizar histórias verossimilhantes ao cotidiano. Ele usa sua armadura para evitar discussões de relação com a namorada ou tenta lhe presentear com algo caro para compensar sua ausência. Nas cenas mais engraçadas, a armadura falha, cálculos dão errado e suas frustrações arrancam risadas da plateia.

O roteiro parte dos acontecimentos de “Os Vingadores” (2012), quando Stark desenvolve um transtorno de estresse pós-traumático que precisa enfrentar durante o filme todo. Para combater o terrorista Mandarin (Ben Kingsley), ele terá de lidar com esses problemas e com a insegurança de Pepper Potts (Gwyneth Paltrow) --antes de ela vestir sua própria armadura pela primeira vez, ainda se sente ameaçada com a presença de Maya (Rebeca Hall), cientista com quem Stark teve um affair. Com ares de heroína, Pepper vai tirar espaço do coronel James Rhodes, o Patriota de Ferro (Don Cheaddle), parceria espontaneamente engraçada do herói.  

A sequência é a mais política da franquia, contribuição de Shane Black, diretor de filmes de ação que faz a sua estreia com a Marvel. A proposta de Black era trazer tanto o Homem de Ferro quanto o Mandarin para a atualidade. Como o universo de criação são os Estados Unidos, a proposta foi incluir a temática de terrorismo no pacote.

Cenas que parecem ter saído dos canais de plantão de notícias fazem referência às transmissões de Saddam Husseim e Osama Bin Laden, gravadas com câmeras amadoras em seus esconderijos. A atuação de Kingsley é a maior contribuição para a tensão nesses momentos, com ameaças que mostram o quanto o mundo real às vezes parece ter saído de um filme.

Cerca de duas semanas após o atentado na maratona de Boston, quando ainda se discute o ocorrido, o filme não poupa cenas de tortura, terror psicológico, sangue e corpos amputados. A tragédia real não poderia ter sido prevista, mas o lançamento do filme também não foi evitado pela produção.

TRAILER LEGENDADO DE "HOMEM DE FERRO 3", COM BEN KINGSLEY

Herói que cativa crianças
Os efeitos digitais do longa são os mais avançados desde a estreia da franquia. No momento mais longe da realidade, pessoas que cospem fogo lembram que tudo não passa de uma grande ficção. A qualidade é suficiente para dispensar o 3D, que não se mostra uma opção essencial para a experiência.

Como um bom filme de herói, “Homem de Ferro 3” não foge dos clichês do gênero. O bem sempre vence o mal, e a dúvida entre salvar a mocinha ou o presidente também estão presentes em alguns momentos. Ainda assim, cenas apoteóticas envolvendo 42 armaduras, agora controladas remotamente, devem animar os fãs.

O filme também ganha a primeira relação de Stark com uma criança, o que traz cenas fofas e engraçadas com o pequeno parceiro Harley (Ty Simpkins), parte de uma estratégia da Disney para levar o público infantil para os cinemas.

Em seu encerramento, a trilogia “Homem de Ferro 3” deixa uma sensação de que esse é um herói que as crianças podem tentar ser em casa, que leva a tendência tecnológica que vivemos e discussões atuais ao cinema. Em um universo de adaptações de quadrinhos cercado por lançamentos mitológicos, espaciais, alienígenas ou geneticamente modificados por uma aranha, Tony Stark com certeza fará falta.

*a jornalista viajou a convite da Disney