Barreto compara "Flores Raras" a "Brokeback Mountain" e sonha com Oscar
Um ano depois que Fernando Meirelles e Maria Flor pisaram no tapete vermelho do Festival de Cinema de Gramado de 2012 para apresentar "360", filme falado em sete línguas e escolhido para abrir o evento, novamente a primeira noite do festival, nesta sexta (9), traz uma produção em outra língua: "Flores Raras", de Bruno Barreto, quase todo falado em inglês. Segundo o curador do festival, Marcos Santuário, os dois filmes seguem a mesma linha: “Tanto '360' quanto 'Flores Raras' representam um diálogo do Brasil com o mundo. Em 2013, resolvemos dar continuidade a essa proposta”.
Três perguntas para a atriz Miranda Otto
Aprendizado com a personagem
Aprendi muito com a poesia de (Elizabeth) Bishop e admiro muito sua coragem para viver esse amor naquela época (década de 1950 e 60). Ela veio ao Brasil, apaixonou-se por Lota e aqui ficou por 15 anos. Acho que ela foi muito moderna para aquele tempo. Apesar de tímida, era muito forte.
Impressões sobre o Brasil
Usei muito minha experiência de chegar ao Brasil e me apaixonar pelas pessoas e pelo lugar para compor a personagem. Bishop tinha medo de ser abraçada porque nunca teve essa relação de contato físico com as pessoas. E o Brasil tem isso. Você vem pra cá e tem a impressão de que conhece as pessoas há muito tempo. Também usei minhas frustrações. Em alguns momentos no set, eu ficava sem entender o que estava acontecendo por não falar português. Definitivamente usei isso.
Atuação com Glória Pires
Eu não conhecia o trabalho da Glória até chegar ao Brasil, mas quando contava para as pessoas que contracenaria com ela, sempre ouvia uma “Uau”, e fiquei empolgada. Ganhei alguns filmes dela para assistir, todos em português. Mesmo sem entender o que ela falava, eu pude sentir sua força, beleza e integridade como atriz.
Estrelado por Glória Pires e pela australiana Miranda Otto, mais conhecida pelas atuações em "Guerra dos Mundos" e "Senhor dos Anéis", o filme retrata o romance da arquiteta Lota de Macedo Soares (Pires) com a poeta Elizabeth Bishop (Otto). Muito amiga do político Carlos Lacerda, governador do estado da Guanabara (1960-65), Lota foi a responsável pelo projeto do parque do Flamengo (popularmente conhecido como aterro do Flamengo), no Rio de Janeiro.
Na opinião do diretor Bruno Barreto, que conversou com UOL em São Paulo, “Flores Raras” realmente tem esta universalidade, mas mais pelo tema do que pela língua falada. “É um filme que agrada plateias porque tem um tema universal. É como 'O Segredo de Brokeback Mountain' (2005). Pode parecer paradoxal, mas quanto mais regional o filme é, mais universal ele se torna. Em 'Flores Raras', estou falando da perda, que é um tema universal, mas o filme tem suas particularidades", diz ele.
Apesar de deixar claro que o filme se concentra na história de amor independentemente do gênero das personagens, o diretor diz que o momento de lançamento (16 de agosto) é muito favorável para o filme. “É um tema que está na mídia do mundo inteiro. Temos aí a Primavera Árabe e o casamento gay em alta. Não podia existir nada melhor em termos de marketing do que lançar esse filme agora. Não foi uma estratégia, foi uma coincidência de momentos”, afirma o diretor.
Para Barreto, essa coincidência de momentos pode fazer com que o filme consiga indicações ao Oscar. O diretor já conseguiu o feito com "O Que É Isso Companheiro?" (1997), indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 1998. Além da "liberdade sexual" estar em alta, o anúncio de que a assumidamente lésbica Ellen DeGeneres apresentará a premiação pode dar mais destaque ao filme. “Existe um movimento aí”, observa o diretor. Ele ainda acredita que Miranda Otto e Glória também têm grandes chances de indicações para o prêmio de melhor atriz “porque não é fácil encontrar cinco papeis femininos fortes para concorrer ao prêmio, e esse filme tem dois”.
Trailer do filme "Flores Raras"
Na mesma noite em que “Flores Raras” é exibido em Gramado, a estrela do longa, Glória Pires, é esperada no evento para receber o Troféu Oscarito, por sua carreira no cinema e na televisão. Em 2012, a homenagem foi feita a Betty Faria.
Assim como aconteceu com “360”, “Flores Raras” será exibido fora da competição. Os filmes que concorrem ao Kikito (troféu de Gramado) começam a ser exibidos no sábado. Entre eles estão o último longa de Walmor Chagas, “A Coleção Invisível”, o documentário "Revelando Sebastião Salgado", dirigido por Betse de Paula, e o primeiro longa de animação brasileiro inteiramente formatado em 3D, "Até Que a Sbórnia nos Separe", de Otto Guerra e Ennio Torresan Jr. Oito filmes nacionais fazem parte da competição principal. Os vencedores serão anunciados no dia 17 de agosto.
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