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"Fãs são fascinados pela escuridão", diz Tom Hiddleston sobre Loki

Mário Barra

Do UOL, em Anaheim (EUA)*

01/11/2013 08h55

Mais uma vez na pele do vilão Loki, o irmão renegado de Thor, o ator britânico Tom Hiddleston usou até antropologia para explicar a predileção das pessoas pelo personagem, que consegue cativar a atenção do público mesmo sendo perverso. “Eu queria saber qual o motivo para ele ser tão destrutivo, o porquê dele querer ser melhor que todo mundo e o motivo para ele obter tanto deleite com o caos”, afirmou o astro em entrevista exclusiva ao UOL nos Estados Unidos. “Afinal, atuar é um exercício de antropologia constante, de descobrir o outro.”

Sempre muito abordado pela imprensa e pelos fãs por conta da atuação como Loki, Hiddleston especulou sobre os motivos para tanta admiração. “Os fãs são fascinados pela escuridão na tela, na ficção”, disse. “Nenhum de nós gostaria de ter trevas em suas vidas. No nosso cotidiano de verdade, nós gostamos de nos sentir protegidos, promovendo amizade e amor ao redor. Mas gostamos, por meio da ficção, de explorar o lado oposto.”

Mas Hiddleston procura não exagerar na análise para construir o personagem, evitando assim o risco de tentar dizer mais sobre o vilão do que ele realmente é. “É preciso lidar com as informações sobre o personagem, mas não interpretá-las com simpatia ou tentar recriar excessivamente na sua cabeça a origem delas”, explicou. “Você deve apenas mostrar como esses sentimentos mudaram o personagem, como o transformaram em um ser perverso, mas carismático.”

Talento para o ambíguo

Apesar da forte identificação com o papel de Loki – tão grande que o levou a aparecer vestido como o personagem, despertando a euforia dos fãs durante a Comic-Con em 2013 – e do prazer em interpretá-lo, Hiddleston possui uma carreira marcada por outros personagens tão ambíguos quanto o vilão.

Um exemplo é o aviador mulherengo de “Amor Profundo”, um dos papéis que demonstra como o britânico se especializou em desenvolver personagens nem sempre fiéis ao que aparentam à primeira vista. “Tendo a achar que as pessoas são sempre densas e complexas, capazes de mudar e de ter variedade. Gosto muito de mostrar isso nos personagens que interpreto. Você precisa ir além da superfície”, disse.

Outro exemplo é o trabalho de dublagem de Hiddleston na série de animação “Tinker Bell: Fadas e Piratas”, mais uma produção da Disney voltada ao universo de Peten Pan e da fada Sininho.  Na produção, o jovem James vira um dos amigos de uma fada que foge da Terra do Nunca para se aventurar com piratas. “Ele é gentil, educado e charmoso com a fadinha principal da história. Mas ele se revela depois como… Capitão Gancho”, comentou.

Fora o talento com personagens ambíguos, Hiddleston também se orgulha de ter interpretado o escritor F. Scott Fitzgerald na comédia “Meia-Noite em Paris” (2011), especialmente por retratar o artista antes da fama. “Foi legal interpretá-lo em uma época na qual ele não conhecia o sucesso, quando estava apenas escrevendo seus romances. Era apenas um cara apaixonado profundamente por uma mulher que era muito confusa, volátil e que o machuca”, contou Hiddleston sobre a experiência no aclamado filme de Woody Allen.

* O jornalista viajou para os EUA a convite da Disney