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Maior centro comercial do Rio, Saara vira locação de filme com Regina Casé

Renato Damião

Do UOL, no Rio

13/12/2013 13h26

Lojas que vendem fantasias de carnaval e matérias para festas infantis, lambe-lambes prometendo trazer o amor em três dias, um isopor com latinhas de refrigerante e cerveja e uma lanchonete exibindo quibes, coxinhas e pasteis. A julgar pelo cenário poderíamos afirmar que estamos em uma das ruas que compõem a Saara, o maior centro comercial do Rio de Janeiro. Mas não, estamos em um estúdio na Freguesia, bairro da zona oeste da capital fluminense.

É lá onde está sendo gravada a maior parte das cenas de "Made in China", primeiro longa de ficção de Estevão Ciavatta. O cenário, criado por Tiago Marques, levou um mês para ficar pronto e é formado por 20 pequenas lojas de tipos variados. "No início pensamos em fazer uma reprodução, mas depois optamos por também usar elementos menos realistas. O único pedido do Estevão é que tivéssemos uma esquina", explicou à reportagem do UOL, que visitou o local na manhã desta quinta-feira (12).

Na esquina estão as lojas Casa do Dragão e Casa São Jorge. De um lado, árabes; do outro, chineses. "Inicialmente queria mostrar que a Saara é este território de paz entre judeus e árabes, mas quando comecei a caminhar por lá e pesquisar vi que a chegada dos chineses causou grande impacto", contou Ciavatta, que já tem o projeto do filme há dez anos. No elenco estão Regina Casé --mulher de Ciavatta--, Otávio Augusto, Juliana Alves, Gilberto Marmorosch e Luis Lobianco.

As surpresas ficam pela escalação do cantor Xande de Pilares, do Grupo Revelação, e dos chineses Yili Chang e Tony Lee. "Quando o Ciavatta me chamou para o teste fiz acreditando que não ia passar, mas aí deu certo. Fiquei meio assustado, mas estou aprendendo a cada dia", afirmou o cantor.

"Não fala mais com pobre?"
Na trama, Regina é Francis, vendedora da Casa São Jorge, loja de quinquilharias. O dono é o árabe Seu Nazir (Otávio Augusto), que conta com a ajuda de Francis para não perder a clientela para a concorrente Casa do Dragão, estabelecimento do chinês Chao (Tony Lee).

Ao lado da amiga e companheira de trabalho Andressa (Juliana Alves) e do namorado malandro Carlos Eduardo (Xande de Pilares), Francis vai tentar descobrir por que as mercadorias dos chineses são mais baratas que as do Seu Nazir. "O filme é uma comédia realista, mas não temos a intenção de forçar o riso. A Saara é conhecida como a pequena ONU. Há dez anos os chineses eram chamados de 'esses amarelos', mas agora estão integrados ao local. Acho interessante que, diferente de outros lugares, no Rio de Janeiro não há uma Chinatown. Os chineses foram se abrasileirando", disse Ciavatta.

Fã de comércio popular, Regina Casé contou que pelo menos uma vez por semana vai à Saara. "Para mim a Saara, assim como a praia e o Jardim Botânico, são meus lugares no Rio. Gosto de ir lá para comprar, comer, passear", disse ela. No entanto, as gravações no local foram complicadas, segundo a atriz e apresentadora. "Foi terrível gravar lá. Eu precisava caminhar e não podia virar para olhar quando as pessoas chamavam meu nome. Aí ouvi coisas do tipo 'não fala mais com pobre?', 'na TV ela é uma coisa, na vida real é outra'", relembrou aos risos. "Foi difícil explicar que eu ali eu era a Francis e não a Regina".

Otávio Augusto ressaltou o "equilíbrio" de Ciavatta para liderar a equipe durante os momentos mais complicados. "Estevão é um diretor que sabe ouvir todo mundo e tem uma concentração incrível. Muitas vezes ele poderia ter dado um grito, mas nunca aconteceu", pontuou Juliana Alves.