Antigo Bozo elogia escolha de Moura para filme: "Não é para qualquer um"
Com rosto pintado, roupa colorida e o inconfundível cabelo vermelho que mais parece asas de avião, o palhaço Bozo, sucesso no Brasil durante a década de 1980, está prestes ganhar os cinemas com Wagner Moura no papel principal. Não se espera, no entanto, um filme colorido e infantil.
"Vida de Palhaço" está em pré-produção e vai carregar nas tintas da realidade para retratar o ator Arlindo Barreto, que interpretou o personagem de 1983 a 1986 nas telas do SBT. Sagaz e saltitante diante das câmeras, Arlindo escondia nos bastidores uma vida atormentada, consumida pela depressão e pelo uso abusivo de drogas, que culminou em sua saída da emissora com o apoio de Silvio Santos, a quem chama de amigo até hoje.
Hoje missionário da Igreja Presbiteriana do Brasil, Arlindo falou ao UOL sobre o projeto que marca a estreia na direção de Daniel Rezende, montador de "Robocop", "A Árvore da Vida" e "Cidade de Deus" --este último lhe rendeu uma indicação ao Oscar em 2003. O ator e redator do programa "Carrossel Animado com Patati Patatá", porém, não se furta em celebrar a entrada de Wagner Moura no projeto. "Ele tem talento para dar a conta do recado. Não é um trabalho que qualquer um consegue fazer".
A época mais barra pesada estará devidamente retratada no filme, mas Arlindo ressalta que há uma fase mais importante para entrar no roteiro: sua redenção. "Eu virei pastor. Essa foi minha superação".
UOL - A notícia de que Wagner Moura vai interpretar você nos cinemas causou certa euforia por parte dos fãs, já que o personagem faz parte do imaginário de muitos adultos. A escolha pelo ator foi sugestão sua?
Arlindo Barreto - Ele sempre foi cogitado, a questão é que não tínhamos ideia se ele aceitaria, se daria para ele fazer. É um trabalho que vai exigir muito dele, mas o talento do Wagner é enorme.
Wagner Moura vai interpretar o palhaço Bozo no cinema
O filme vai retratar quais fases da sua vida?
A história vai acompanhar desde o berço, o início de tudo. E depois a fase como palhaço, que obteve mais sucesso que o palhaço americano.
De que forma você está envolvido e participando do projeto?
Eu vou acompanhar de perto. Vou ter compromissos com entrevistas e toda a parte de divulgação. Agora eu não posso falar nada a respeito, mas é verdade e vai acontecer. As filmagens vão levar de quatro a cinco meses. Já está em pré-produção.
E quando começa a ser filmado?
Não sei, depende mais do Wagner. Ele tem alguns trabalhos engatilhados a frente [em entrevista durante o Festival de Berlim, Wagner Moura comentou que seu próximo projeto é a direção da cinebiografia do ativista Carlos Marighella, seguida de uma nova parceria com o diretor José Padilha].
Você já se encontrou com o Wagner Moura para falar do filme?
Ainda não, mas ele tem talento para dar a conta do recado sozinho. Não é um trabalho que qualquer um consegue fazer. O palhaço em si já é algo muito complicado de se fazer. O Selton Melo mesmo tentou fazer [no filme "O Palhaço", de 2011], mas... bem... é complicado. Não dá para representar. Você precisa viver aquilo.
E como é que está sendo participar do projeto e revisitar o passado?
Nossa, está sendo muito forte. Meu coração está assim... mas não é por sofrimento, é por estamos impactados. Estou feliz. É algo que vai mexer com o coração das pessoas. Se deu certo comigo [a superação do vício das drogas], pode dar certo com outra pessoa. É necessário força, guerra e foco. Foco na superação.
A época em que você era usuário de drogas estará presente no filme. O Silvio Santos tinha conhecimento pelo que você estava passando na época?
Ele não sabia, mas depois ele foi um amigão, um verdadeiro companheiro que admiro e respeito. Ele entendeu quando eu pedi para sair [em 1986] e ficou muito feliz quando voltei ao SBT [em 2011] para trabalhar com o Patati e Patatá. Ele sempre foi muito grato.
Tem alguma história que você faz questão de que esteja no filme?
Tem algo que eu pedi para que não deixem de fora que é minha transformação em um homem de Deus, que é o que eu sou, um missionário. Isso não pode ficar de fora. É uma história de superação.
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