"Tem um quê de faroeste", diz diretor de "Alemão", com Reymond e Fagundes
No rastro dos filmes de ação como "Tropa de Elite" e "Cidade de Deus", o thriller "Alemão", de José Eduardo Belmonte, foge da carnificina dos filmes de favela e tenta levantar o lado "mais dramático e reflexivo" sobre a pacificação de comunidades no Rio de Janeiro. O longa que leva no elenco Cauã Reymond, Caio Blat, Gabriel Braga Nunes, Milhem Cortaz, Otávio Muller e Antonio Fagundes estreia no dia 13 de março.
“Não procurei fazer um filme regional, mas sim um grande tema brasileiro, esse abismo social. É um filme híbrido, as histórias são baseadas em fatos reais, é um filme que a realidade criou uma ficção”, disse Belmonte em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (10), no Rio de Janeiro.
Filmado em apenas 18 dias, “Alemão” foi rodado no próprio Complexo de favelas do Rio de Janeiro, mas também em outras três comunidades cariocas como Rio das Pedras, Babilônia e Chapéu Mangueira. “A história tinha um quê de faroeste. Foi uma das experiências mais ricas da minha vida. Para fazer o filme, comecei a ver todo tipo de filme de ação para ver como funcionava essa linguagem. Fui buscar experiência nos cineastas clássicos. Só Deus para explicar como eu peguei esse projeto”, brincou Belmonte.
Belmonte admite ser um desafio fazer um filme de ação em favelas após os consagrados de José Padilha e Walter Salles. “Como sei que tem uma forte referência muito grande, quis levar para um filme mais dramático e reflexivo, pois fala um pouco de questões humanas e universais e da guerra também acontece, existe um pouco de uma guerra”, contou o diretor.
Veja o trailler de "Alemão"
“Alemão” fala da história de cinco policiais infiltrados no Complexo do Alemão, 48 horas antes da maior guerra contra o tráfico que o Brasil já viu. Cinco policiais estão infiltrados na comunidade carioca, com a missão de elaborar o plano de invasão das forças de segurança, que resultará na instalação da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). O drama ocorre quando traficantes descobrem sobre a operação secreta e começam uma busca incessante para eliminá-los. Isolados e sem contato com o mundo exterior, eles precisam encontrar uma maneira de fugir.
Milhem Cortaz, um dos atores que integrou a equipe dos policiais infiltrados, admitiu que queria transmitir um pouco da tensão que existe nas favelas. “Gosto da linha tênue entre a realidade e a ficção. É um filme de pessoas, fala de gente, não de instituições. Muitos filmes são em cima da segurança pública do país. Nesse filme senti um abandono das instituições pelo que acontece com as pessoas. O filme levanta questões e não toma um lado. São esses questionamentos que me seduziram a fazer esse filme”, contou Cortaz.
“Se a gente conseguir trazer o gancho da discussão da favela, do Alemão que foi impactante e colocar as pessoas no meio, o filme ganha um aspecto muito positivo”, disse.
Enquanto Caio Blat, Gabriel Braga Nunes, Milhem Cortaz e Otávio Muller viveram o núcleo dos infiltrados no Alemão, Cauã Reymond viveu o Playboy, o chefe do tráfico na favela.
“Queira me desafiar como ator e encontrar um lugar diferente. Achei o projeto genial e topei na hora. O ator que ia fazer o Playboy não pode, eu queria era fazer o mauzinho”, brincou.
Já Antônio Fagundes fez uma participação especial como o delegado de polícia que comandava do asfalto a operação secreta. “Eu não participei do laboratório na favela. Meu personagem acabou costurando a história toda que tem um arco dramático interessante. Ele fica sofrendo do lado de fora o que acontece lá dentro. A gravação foi muito rápida e intensa”, contou Fagundes.
O produtor do filme Rodrigo Teixeira comentou que o desafio era fazer um longa que tivesse “agilidade de produção”, pois havia outros projetos de cinema que também falariam sobre o complexo de favelas do Alemão.
“A gente está muito feliz com o processo do filme, queriamos fazer um filme de ação que tivesse agilidade e não dependesse de grande orçamento. A gente sabia que existiam outras propostas de filmes sobre o Alemão e a gente produziu esse filme mais rápido”, comentou.
Rodrigo Teixeira, 37, é um dos mais badalados produtores de cinema que carrega já em currículo 18 produções cinematográficas, como “Quando Eu Era Vivo”, a cinebiografia “Tim Maia” e o previsto para rodar este ano “To The Stars”.
“Este é um filme onde colocávamos numa situação onde policiais estavam presos na comunidade do Alemão antes da invasão e quanto tempo esses caras conseguiam sobreviver antes da invasão. Filmamos três dias dentro da comunidade, um dos primeiros longas a serem filmados dentro do alemão. Foi uma energia maravilhosa lá dentro”, contou.
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