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Recusado em especial da Globo, ator personifica Raul Seixas em filme

Imagem: Mario Miranda Filho/Divulgação e Reprodução

Tiago Dias

Do UOL, em Paulínia (SP)

24/07/2014 07h00

Fisicamente, o ator baiano Lucci Ferreira nem se parece tanto assim com Raul Seixas, mas consegue reviver o Maluco Beleza ao reproduzir o seu sotaque baiano, dosado com o seu jeito lento de falar, no filme sobre o parceiro musical do compositor e cantor, "Não Pare na Pista - A Melhor História de Paulo Coelho", que teve pré-estreia na noite de terça-feira (22), na abertura do Festival de Paulínia.

Quem o vê interpretar o músico, no entanto, nem imagina que Lucci chegou a ser recusado para o papel de Raul em um especial da série "Por Toda Minha Vida", da Globo. Exibido em 2009, o programa teve como intérprete do roqueiro o ator Júlio Andrade, que vive Paulo Coelho na cinebiografia do escritor, que tem estreia marcada para agosto.

"Eu sempre pensei em fazer o Raul. Na televisão, fiz os testes, mas, no final, eu não fiquei. Pensei que um dia, então, eu pudesse fazer esse papel no cinema, e surgiu esse filme. Entrei nos 45 segundos do segundo tempo", conta. O teste com o diretor Daniel Augusto aconteceu em um sábado. Na terça, ele já estava no set gravando.

"O fato de ter esse conhecimento me salvou um pouco, mesmo com a correria. No teste, eu já tentei puxar essa voz. Passei três dias vendo vídeos, o documentário do Waltinho ["Raul Seixas - O início, o Fim e o Meio", de Walter Carvalho], ouvindo músicas, imerso, gravando as vozes", explica.

A voz do personagem veio também de um resgate do sotaque baiano que Lucci acabou perdendo ao morar no Rio de Janeiro, onde gravou as novelas "Páginas da Vida", "Amor Eterno Amor" e "Paraíso".

Mesmo estando em mais um folhetim global, "Império", no qual faz o papel de Antonio, Lucci afirma que continua a pensar em Raul. O próprio cineasta Walter Carvalho já sinalizou que gostaria de transformar a história de Raul em uma cinebiografia. Questionado se ele se imagina no papel, o ator parece não ter dúvida: "Nossa. Tendo esse gostinho da participação no filme sobre o Paulo, seria um prazer e uma honra para mim desenvolver esse personagem melhor. Seria um presente".

Para alguns dos fãs incondicionais de Raul, que veem em Paulo Coelho uma figura maléfica na vida do compositor, inclusive o apresentando às drogas, Lucci relativiza. Para ele, o fim da parceria --Raul teria cortado a relação com o parceiro abruptamente, após a ditadura começar a perseguir os dois--, deixou Paulo Coelho magoado. "É a história entre duas pessoas com esse gênio, no sentido de genioso e geniais. O Raul foi apresentado às drogas, mas o que matou Raul foi o álcool. Eles viveram isso, e nunca entraram tanto nesse assunto. São coisas da vida, não era só artístico, era a ditadura", observa.
 

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