Jonah Hill diz que é preciso se policiar em improvisações para não ofender
Os policiais Schmidt e Jenko, a dupla do filme "Anjos da Lei", estão de volta. Dentro de uma igreja católica vietnamita, onde há uma imagem de Jesus Cristo com os olhos puxados, os atores Jonah Hill e Channing Tattum gravam uma cena com Ice Cube, o especialmente irritado Capitão Dickinson. Motivos para isso o oficial tem de sobra: além de a investigação da dupla infiltrada em uma universidade parecer estar emperrada, Schmidt, quem diria, parece ter se dado bem, conquistando o coração de uma colega de classe.
Na cena, cuja gravação o UOL acompanhou em um dos bairros mais atingidos pelo furacão Katrina, em 2005, em Nova Orleans, cidade mais emblemática da Louisiana, o trio se contém para não cair na gargalhada. Em "Anjos da Lei 2", continuação do sucesso de bilheteria de dois anos atrás, os personagens de Hill e Tattum deixam a escola secundária --cenário das história da série televisiva da virada dos anos 80, que revelou um certo Johnny Depp-- e, "sem ficarem nem um tiquinho a mais sábios", de acordo com os protagonistas, embarcam no mundo maravilhoso da universidade.
De acordo com Hill, se no primeiro filme o espectador era apresentado aos novos agentes especializados em trabalhar incógnitos, desta vez lida-se com um tema cada vez mais presente nas comédias "de meninos" de Hollywood, a la Judd Appatow. Estão lá, por exemplo, os romances, a discussão da relação de amizade dos dois marmanjos em meio a novos personagens e situações que só terminam (ou não) depois dos créditos finais.
O filme ainda traz diversos momentos em que diálogos foram improvisados, mas Tatum reconhece que não é exatamente o seu ponto forte. "Eu não sou especialmente ágil no mundo da improvisação como outros atores do nosso elenco. Solto algo e deixo que eles desenvolvam", disse o ator. "Quando você improvisa, especialmente, precisa estar de olho se não está ofendendo ninguém com suas tiradas. É quando sua mente viaja, sabe?", pondera Hill.
Trailer legendado de "Anjos da Lei 2"
UOL - O que mais os motivou a reviver os policiais Schmidt e Jenko?
Channing Tatum - Eles são personagens divertidíssimos.
Jonah Hill - Sim, e também a vontade de trabalhar juntos de novo. Quando estava escrevendo o primeiro filme com o Michael Bacall, a ideia já era fazer graça com a nossa própria cara. Quando começamos a pensar numa seqüência, a lógica era a de trocar a escola secundária pela universidade e de pegar no nosso próprio pé por ter a cara de pau de fazer um "Anjos" número 2 (risos). Conversei com o Channing e falei: "Topo a franquia se a gente conseguir fazer algo que não seja pior do que o primeiro filme". Ele disse que era possível. Eu acreditei. Cá estamos.
Vocês já se consideram um duo? Fariam outro filme em dupla que fugisse do universo de "Anjos da Lei"?
Jonah - Não somos um duo cômico clássico, mas adoraria trabalhar com o Channing de novo.
Channing - Nós vamos trabalhar juntos no futuro em outro projeto, ponto.
Jonah - Tenho várias ideias na cachola, mas não queremos nos repetir mais.
Como vocês já eram íntimos dos personagens, foi mais fácil improvisar diálogos neste filme?
Channing - Foi, mas eu não sou especialmente ágil no mundo da improvisação como outros atores do nosso elenco. Solto algo e deixo que eles desenvolvam. Jonah me surpreende com pegadinhas e tiradas o tempo todo. Agora me sinto mais seguro.
Jonah - Curiosamente, é a primeira vez para nós dois na experiência de voltar a encarnar um mesmo personagem.
Channing - O que eu achei diferente de tudo que já havia feito anteriormente é que, aqui, a melhor ideia na hora em que começamos a filmar vai parar no filme. Seja minha, do diretor, do Jonah ou do câmera.
Jonah - Como também assinamos a produção e mantivemos o mesmo diretor, o processo foi bem semelhante ao do primeiro filme.
Channing - Engraçado, porque, para mim, há uma diferença enorme, e básica: eu estava assustadíssimo quando fizemos "Anjos da Lei". Será que entendi o que está acontecendo? Será que sou rápido o suficiente? Agora tudo foi bem mais calmo.
Vocês conversam sobre determinados momentos em que um acha que o outro não está sendo engraçado o suficiente em cena?
Jonah - Não de uma maneira crua, mas...
Channing - Você está sendo mega sem-graça com sua resposta, pronto, falei (risos)
Jonah - Não tem ego, não tem essa de eu sei mais do que você sobre fazer rir. Mas isso não é diferente de um set de um filme dramático, por exemplo.
Channing - Por exemplo, as piadas do Jenko neste filme passam bastante pela brincadeira homoerótica. Ele acaba tendo um bromance com um outro personagem e o Schmidt fica enciumado. Discutimos a relação dos dois no filme, é engraçado. A outra linha de piadas, claro, vocês conhecem: a de que Jenko é burrinho (risos). Jonah é muito bom em definir o limite das piadas, até onde podemos ir. Se a coisa estiver muito descarada ou beirando a grosseria, é ele quem, em geral, pede para cortar.
Jonah - É que quando você improvisa, especialmente, precisa estar de olho se não está ofendendo ninguém com suas tiradas. É quando sua mente viaja, sabe?
Vocês diriam que vocês dois têm química?
Channing - (rindo) A definição mais exata é a de que eu confio cegamente no Jonah. Não é apenas o fato de que eu curto ele pacas. Eu confio nele. Não sei se isso é ter química, mas me sinto completamente seguro com ele. Se não entendo uma piada, por exemplo, me sinto confortável em conversar com ele sobre isso, pedir para ele me explicar onde é que está a graça naquela frase. Jonah Hill é uma das pessoas mais talentosas com quem trabalhei, fato.
Jonah - Rapaz, obrigado. Sinto a mesma coisa. Antes de mais nada, para além de nossa relação profissional, de fazer filmes juntos, o importante para mim é nossa amizade. Somos grandes amigos na vida real. E descobri, em "Anjos 2", que ele também é um grande produtor, ele consegue levantar um filme, lidar com esta outra parte do artesanato, algo que me surpreendeu.
Da mesma maneira que o público se surpreendeu em ver a versão cômica de Channing Tatum no primeiro filme...
Channing - Sei que as pessoas, quando me imaginam em um filme, pensam ou em filmes de ação ou em românticos. "Anjos da Lei", o primeiro filme, foi importantíssimo para mim. Aumentei em muito minha confiança em meu trabalho como ator, nas possibilidades que vejo para mim no futuro. Com a ajuda de Jonah e da equipe toda, percebi que podia, sim, ser engraçado em cena. Por que não? Há algo muito diferente em ir ao cinema e ver a reação do público a suas cenas: se eles riem, deu certo. E a gratificação é instantânea, algo que eu jamais havia experimentado anteriormente. Gostei pacas da experiência. Dramas são muito mais subjetivos. Aqui, é sim ou não. Na lata.
Mas o interessante de "Anjos" para você é o fato de mesclar comédia e ação, não?
Channing - Sim, para mim é o paraíso. Quando eu comecei, fazia tudo, hoje trabalho com os dublês em algumas cenas por questão de contrato, mas adoro a adrenalina.
Vocês treinaram, há algum compromisso com a realidade na hora de enfrentar os bandidos no filme?
Channing - Sim, especialmente para algumas cenas, mas mais por prevenção, você não quer se machucar ou ferir algum parceiro de cena. No meu caso, malhar me mantém atento, desperto. Nunca caí na tentação de pensar: "Já fiz uma cena de ação assim antes, não preciso treinar para isto". Seria um erro.
Jonah - Eu tento malhar o tanto quanto ele. Digamos que ele é um ótimo incentivador (risos), me bota para malhar.
Como vocês resumiriam "Anjos da Lei 2", e qual a diferença central entre os dois filmes do ponto de vista dos personagens?
Jonah - No primeiro filme estamos conhecendo os personagens, e eles iniciam um relacionamento, se tornam melhores amigos. Agora os dois estão se distanciando, precisam lidar com a distância, os interesses diversos, ver se esta amizade resiste ao passar do tempo.
Schmidt e Jencko ficaram mais sábios?
Jonah - Provavelmente não.
Channing - É, eu não apostaria nisso (risos).
O quão vocês incluíram de suas próprias experiências na faculdade no filme?
Channing - Ah, minha passagem foi relâmpago. Fui a uma universidade pequena, nos cafundós da Virgínia Ocidental, com uma bolsa de atleta, joguei por um semestre no time de futebol americano e pulei fora. Mas não fiz parte de uma fraternidade. Acabei jogando futebol por dez anos, mas sabia que não era aquilo o que eu queria. Nem a faculdade.
Jonah - A minha também foi curta, em Nova York. Foi OK, mas o que queria mesmo era sair logo para experimentar o mundo lá fora.
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