"'Acima das Nuvens' permitiu a Kristen ironizar celebridades", diz diretor

Com sucesso elevado à décima potência desde que viveu a mocinha da saga "Crepúsculo", Kristen Stewart não consegue deixar sua vida pessoal longe dos holofotes. Em 2012, foi flagrada traindo o namorado, Robert Pattinson, com o diretor Rupert Sanders ("Branca de Neve e o Caçador") e, recentemente, ela vê sua sexualidade ser tema de reportagens depois de ter aparecido em clima de intimidade com a ex-assistente Alicia Cargile.

Levando tudo isso em conta, fica fácil entender por que a atriz fez questão de abraçar um papel em que pôde brincar e criticar a cultura de celebridades. Em "Acima das Nuvens", filme do francês Olivier Assayas ("Horas de Verão") que chega aos cinemas nesta quinta (8), Stewart vive a assistente pessoal de uma grande atriz, Maria Enders, interpretada por Juliette Binoche.

Ao UOL, por telefone, Assayas contou que foi Kristen quem demonstrou interesse na personagem Valentine. "É uma personagem rica, complexa e que deu a Kristen a possibilidade de fazer coisas que ela nunca tinha feito, como tirar sarro de Hollywood e da cultura de celebridades", disse o diretor. O trabalho de sua personagem inclui dizer para sua cliente que uma revista tem interesse em colocá-la em uma matéria de capa que ensinará como continuar bonita depois dos 40.

Binoche e Stweart contracenam também com Chloë Grace Moretz ("A Invenção de Hugo Cabret"), que dá vida a uma atriz famosa e rebelde de Hollywood, à la Lindsay Lohan. "Com apenas 16 anos na época das filmagens, Chloë é muito pé no chão e estável, mas interpreta alguém que ela poderia ter sido", diz o diretor, que ainda elogiou sua capacidade de entender a complexidade da personagem, apesar da pouca idade. 

Para Assayas, o filme foi um momento de libertação para as três atrizes, que puderam brincar no filme com a ideia que as pessoas têm delas na vida real. "Em outras produções, você tenta esquecer que aquelas personagens são vividas por atrizes famosas. Nesse, você sabe que é a Juliette Binoche que está ali vivendo uma outra coisa. Você tem as duas camadas".

Papeis para atrizes veteranas

Binoche e o diretor são amigos há mais de 20 anos e já haviam trabalhado juntos em "Horas de Verão" (2008). Para ele, a francesa é a que mais se relaciona com sua personagem. Maria Enders é uma atriz de sucesso convidada para fazer uma nova montagem da peça que a lançou, mas desta vez, no lugar da personagem jovem que a consagrou, caberá a ela o papel da mulher mais madura. "O que Juliette faz no filme é muito corajoso, ela se expõe muito".

Assayas, no entanto, nega que o filme critique a falta de espaço para as atrizes veteranas no cinema, o que vem sendo muito defendido por Meryl Streep ultimamente. "O filme é mais sobre a passagem do tempo, independentemente da idade. A personagem tem que aceitar que o tempo está passando e que isso muda você. A história é sobre as diferentes fases da vida, quando algo termina e algo novo se inicia".