Indicado ao Oscar, Steve Carell prova talento para o drama em "Foxcatcher"
Steve Carell, 52 anos, está irreconhecível no papel do milionário John Du Pont, no filme “Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo”, em cartaz nos cinemas. Ele surge na telona com os cabelos brancos, muitas rugas e narigão. O esforço valeu a pena, já que lhe rendeu, neste ano, a sua primeira indicação ao Oscar de melhor ator. Além desta categoria, o longa também foi indicado a melhor direção, roteiro, ator coadjuvante (Mark Ruffalo) e maquiagem.
Carell e Ruffalo, no entanto, não são os únicos atores que se destacam no filme. Channing Tatum, que interpreta o medalhista olímpico de luta greco-romana Mark Schultz, também está ótimo no papel. E, se por um lado, Carell provou de vez ser um ator capaz de viver papéis densos e dramáticos - bem diferentes do personagem Michael Scott, o chefe sem-noção da série de TV “The Office” (veja a trajetória do ator no álbum acima) -, por outro, Tatum entrega um personagem maduro e bem construído, também muito distante dos personagens de comédia romântica que ele costuma fazer.
Com direção de Bennet Miller (de “Capote” e “O Homem que Mudou o Jogo”), o drama conta a história real do milionário John Du Pont (Carell), apaixonado por luta greco-romana, que convida o atleta Mark Schultz para treinar na equipe Foxcatcher, sediada em sua enorme propriedade. O filme é tenso e, em algumas cenas, sufocante. Adjetivos que surgem da doentia relação entre Du Pont e Schultz.
Boa parte dessa tensão foi propiciada pela atuação de Carell, que incorpora um homem (relativamente) comum no início da narrativa, que, aos poucos, vai se revelando cada vez mais louco. Além da luta greco-romana, Du Pont era apaixonado pela observação de pássaros, por natação e por armas (ele chegou a comprar um tanque de guerra). E, por fim, mantinha uma relação complicada com sua mãe, que desprezava os hobbies do filho e só tinha interesse nos cavalos puro-sangue mantidos no haras da família.
É possível imaginar o final trágico dessa relação. Porém, ao contrário do que diz o título em português, a história não chocou o mundo - no máximo, só os Estados Unidos. Vale ainda registrar a merecida indicação ao Oscar de coadjuvante a Mark Ruffalo, que interpreta Dave Schultz, irmão mais velho de Mark, que posteriormente também é convidado para treinar na equipe Foxcatcher.
Vendo a drástica mudança de visual pela qual Carell se submeteu, é possível lembrar do que Charlize Theron disse em 2004, quando ganhou o Oscar de melhor atriz por "Monster". Na ocasião, ela disse que foi preciso ficar feia para reconhecerem seu talento. Isso porque a atriz engordou 13 quilos e ficou completamente irreconhecível na pele de uma "serial killer".
O mesmo vale para Carell. O ator é mundialmente conhecido por suas atuações em comédias como “Todo Poderoso 2” e “O Âncora”, além de participações no programa de TV “Saturday Night Live” e, claro, como o chefe Michael Scott, em “The Office”. Porém, o drama não é novidade na carreira do ator, que já atuou em comédias dramáticas como “Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada”, “O Virgem de 40 anos”, “O Verão da Minha Vida” e “Pequena Miss Sunshine” (no qual interpretou um homossexual suicida).
Mas é em “Foxcatcher” que Carell consegue provar de vez que é capaz de atuar em todos os tipos de papel. Resta saber se a Academia reconhecerá seu esforço premiando-o com o Oscar.
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