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Efeitos especiais compensam roteiro ruim em "O Destino de Júpiter"

Felipe Branco Cruz

Do UOL, em São Paulo

05/02/2015 22h35

Os irmãos Andy e Lana Wachowski foram alçados ao status de gênios do cinema imediatamente após o estrondoso sucesso de “Matrix” (1999). Os bons números do filme permitiram aos diretores uma liberdade criativa concedida a poucos em Hollywood. Os trabalhos seguintes dos irmãos, portanto, sempre foram recebidos com altas expectativas que, nem sempre, foram correspondidas. Nesta quinta-feira (5), estreia outra ficção científica da dupla, “O Destino de Júpiter”, um épico futurista com pegada filosófica, que é repleto de efeitos especiais de cair o queixo, mas deixa a desejar no roteiro.

Depois de a dupla de diretores ter colhido os louros por "Matrix", as duas continuações do filme, a “Reloaded” e a “Revolutions” (ambas de 2003), embora tenham tido um bom público, não causaram o mesmo impacto do primeiro longa. Em seguida, os irmãos dirigiram a adaptação com atores reais da animação “Speed Racer” (2008) e o épico “A Viagem” (2013). Além disso, escreveram os roteiros de "Animatrix" (2003), "V de Vingança" (2006), "Invasores" (2007) e "Ninja Assassino" (2009). Exceto por “V de Vingança”, nenhum desses títulos chegaram minimamente perto da influência e do sucesso que foi “Matrix” (veja todos na galeria acima).

Parte das críticas ao trabalho dos irmãos os acusam de fazer filmes confusos e pretensiosos. Um desses exemplos é “A Viagem”, longa não linear que conta seis histórias entrelaçadas abrangendo diferentes épocas, com personagens interpretado pelos mesmos atores. E, por trás disso, ainda havia uma mistura de filosofia e reencarnação. Confuso? 

Por outro lado, é unanimidade entre os críticos a capacidade que os diretores têm de criar novos e revolucionários efeitos especiais, além do excelente apuro estético tanto nos figurinos como nos cenários.

Cena de "O Destino de Júpiter" - Divulgação - Divulgação
Cena de "O Destino de Júpiter"
Imagem: Divulgação
Efeitos e figurino

Em “O Destino de Júpiter” não é diferente. Saltam aos olhos os incríveis efeitos especiais, potencializados pela tecnologia 3D. Vale o destaque também para o figurino, tratado de maneira minuciosa, principalmente na atriz Mila Kunis, que surge deslumbrante em diversas cenas, usando desde justíssimas roupas de couro (uma característica dos irmãos Wachowski) até vestidos de gala. O enredo, no entanto, segue como o calcanhar de Aquiles dos irmãos.

O longa conta a história de Júpiter Jones (Mila Kunis), uma imigrante russa que trabalha como faxineira nos Estados Unidos. Sua vidinha ordinária é sacudida quando alienígenas tentam matá-la. Ela é salva por Caine (Channing Tatum), um soldado geneticamente modificado de outro planeta. Júpiter então descobre que é uma rainha “reencarnada” na Terra. Outros nobres, que seriam seus filhos em outra vida, Kalique (Tuppence Middleton), Titus (Douglas Booth) e Balem (Eddie Redmayne) querem matá-la novamente, porque, como rainha, ela recuperaria a herança que deixou quando morreu. A propósito, o ator Eddie Redmayne está irreconhecível no papel. Ele ganhou notoriedade neste ano ao ser indicado ao Oscar de melhor ator por “A Teoria de Tudo”, no qual interpreta o cientista Stephen Hawking.

O enredo, portanto, é uma mistura mal feita de “Cinderela” com “O Quinto Elemento”, que tem ainda uma pitada de espiritismo. O longa apresenta também uma pegada política, com os senhores intergalácticos buscando poder e lucro a qualquer custo.

A despeito das críticas, os irmãos Wachowski ainda são uma incógnita em Hollywood. Assim como ocorreu com outros diretores do passado, execrados por produzirem filmes “diferentes”, no futuro, os irmãos poderão até ser vistos como visionários, incompreendidos ou quem sabe como profissionais à frente de seu tempo.

Trailer de "O Destino de Júpiter"