Irmãos Coen põem lenha na disputa entre séries e cinema e dizem não ver TV
A discussão sobre o crescimento da influência das séries de TV em detrimento do cinema já começou a aparecer no primeiro dia do Festival de Cannes 2015. Na entrevista coletiva do júri que vai escolher a Palma de Ouro, um repórter perguntou aos irmãos Coen, presidentes do júri este ano, se eles costumam assistir a séries --numa entrevista a um jornal francês, eles teriam dito que não se interessam nem mesmo por "Fargo", elogiada série adaptada do filme mais conhecido da dupla.
"Não posso nem dizer que não gosto de TV. Eu simplesmente não assisto", disse Ethan. "Eu também não assisto e estou com problemas em casa, porque minha mulher [a atriz Frances McDormand] acabou de fazer uma [Olive Kitteridge]", brincou Joel. "Não creio que a TV seja melhor ou pior que o cinema, é apenas diferente. Agora, o que achamos das pessoas assistirem Lawrence da Arábia no celular...?", ironizou.
Esta é a primeira vez que Cannes tem dois presidentes do júri. "Nem sei que tipo de filme o Ethan assiste em casa. Nunca perguntei", diz Joel. O ator Jake Gyllenhaal ("Brokeback Mountain", "O Abutre"), membro do júri, completou brincando: "Nós ainda não nos dividimos entre o grupo do Joel e o grupo do Ethan".
"A primeira coisa que pensei quando aceitei o convite foi: agora vou ser obrigado a comprar um terno", ironizou o mexicano Guillermo del Toro, de "O Labirinto do Fauno", para depois dizer: "Seja 'Cinema Paradiso' ou 'Laranja Mecânica', temos que levar o cinema sempre a sério".
Para Joel Coen, o trabalho de júri não é como o de um crítico de cinema, mas também está longe de ser o de um espectador comum. "Acho que ver um filme como júri afeta sim sua experiência. Você tem que dar sua opinião constantemente para um grupo de pessoas. Quero ver como vai ser".
O júri ainda inclui nomes como a atriz britânica Sienna Miller ("Sniper Americano"), o diretor canadense Xavier Dolan ("Mommy") e Rossy de Palma, atriz dos filmes de Pedro Almodóvar.
Tem, mas acabou
Os organizadores do festival não aprendem. Depois da confusão no ano passado na sessão única do filme turco "Winter Sleep", que deixou dezenas de pessoas de fora e no fim levou a Palma de Ouro, um problema parecido aconteceu já no primeiro dia de evento.
O japonês "Umimachi Diary", de Hirokazu Kore-Eda ("Pais e Filhos"), primeiro filme da competição a ser exibido, foi programado em duas sessões apenas na sala Bazin, uma das menores do festival, com 350 lugares. Mais de 50 jornalistas ficaram de fora de cada uma das exibições.
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