Novo "Mad Max" é aplaudido três vezes em primeira sessão de Cannes
É preciso admitir: ou a Warner, ou o Festival de Cannes, ou os dois erraram ao não programar "Mad Max: Estrada da Fúria" como filme de abertura. A ressurreiçãoo da franquia 30 anos depois do terceiro filme, dirigida pelo mesmo George Miller, recebeu duas levas de aplauso durante o filme e uma forte ovação ao final da primeira sessão no festival.
É o filme dos sonhos, que consegue juntar o público dos blockbusters --uma corrida quase ininterrupta de veículos no deserto, bem na linha "Velozes e Furiosos"-- com uma forte visão de autor, acertando do começo ao fim no visual punk dos personagens. Hoje com 70 anos, o australiano Miller é um velhinho rock and roll --segurou a ação louca do filme em sete meses de filmagem como se tivesse 20. E esnobou os efeitos especiais e a computação gráfica --80% das cenas foram feitas no deserto, sem efeitos digitais.
"Nunca pensei em fazer outro 'Mad Max', mas a ideia começou a aparecer, levou quase 12 anos e só ficou pronto há duas semanas. Reunimos todas essas pessoas num deserto por sete meses... Teve dias em que fiquei realmente louco", conta Miller. "O resultado é como uma música visual, uma graphic novel muito longa, quase sem diálogos", define.
Mel Gibson, astro dos três primeiros filmes, sentou ao lado de Miller em uma pré-estreia e vibrou o tempo todo. "Não nos víamos há muito tempo. Ele estava agitado, apertava minhas bochechas. Foi um momento de muita emoção para mim. Me partiu o coração ver tudo o que aconteceu com ele, porque é alguém que amo muito", disse o cineasta, citando os problemas do astro com alcoolismo e violência doméstica.
Mais sequências?
Mas Miller desconversa quando o assunto é um possível quinto "Mad Max". "É como se eu tivesse acabado de parir um bebê muito grande e me perguntassem: você está pronta para ter mais um filho?", brinca.
Sua mulher, Margaret Ann Sikel, levou dois anos trabalhando dez horas por dia para montar o filme a partir de 6.000 horas de material bruto. "Eu queria uma mulher na montagem para que este não fosse um filme de açãoo igual a todos os outros", explica o diretor.
Charlize Theron atuava com um emplastro preto na mão --sua personagem, Furiosa, não tem um dos braços. "Foram filmagens exaustivas no deserto, e não havia nem um aeroporto por perto se quiséssemos sair, era preciso pedir voos especiais. Lembro de uma boa frase: é como se Deus tivesse criado este mundo num dia de muita raiva. É a melhor definição desse universo do filme", diz.
O britânico Tom Hardy, que passa uma boa parte do filme com uma focinheira de metal parecida com a que usava como o vilão Bane de "Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge ", teve um pouco de medo de assumir um papel consagrado por Mel Gibson. "Muita gente ama o Gibson no papel. É um pouco assustador. Mas George me fez entender que eu não estava substituindo ele", conta.
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