Diretor diz que havia "poucos papéis femininos" para se premiar em Cannes
Presidido pelos irmãos Joel e Ethan Coen ("Onde os Fracos Não Têm Vez"), o júri da competição de Cannes afirmou que não deu a Palma de Ouro para o drama francês "Dheepan" por ele abordar a questão da imigração na Europa. O assunto voltou a ser discutido mundialmente depois que centenas de imigrantes africanos morreram ao tentar fazer a travessia para a Itália.
"Não pensamos na questão da imigração ou nos países de cada filme na hora de escolher os prêmios. Nunca falamos disso nas nossas reuniões. Foram escolhas de cinema", disse a cantora Rokia Traore, do Mali, membro do júri. Ethan Coen fugiu pela tangente ao responder. "Pensamos simplesmente que é um filme muito bonito. Todo mundo se entusiasmou com este filme em algum nível", falou. "É um filme maravilhoso e lindamente dirigido. Este nao é um júri de críticos cinema, e sim de artistas que decidiram o que mais os emocionou", disse o irmão, Joel.
A espanhola Rossy de Palma, musa dos filmes de Almodóvar, foi a única a discordar. "É verdade que há muitas pessoas que vivem em condições horríveis e nunca nos perguntamos como elas vivem. Este filme nos faz pensar", comentou.
O próprio vencedor da Palma, o diretor francês Jacques Audiard, tratou de esvaziar o forte componente político do filme - o que não deixa de ser uma pena. "Comecei este projeto há cinco anos, quando a questão da imigração no Mediterrâneo ainda não estava tão forte. Me interessava mais a questão do outro: como enxergamos o outro, como vemos aquela pessoa que vende flores no restaurante pra você. De onde ela vem?", comentou.
O diretor canadense Xavier Dolan, de "Mommy", trouxe de volta o tema do ano: a pouca presença das mulheres no cinema. "Nós não deixamos de observar que, entre os filmes da competição, havia muitas opcões de atores e pouquíssimas atrizes nos papéis principais", disse. Talvez, por isso, como uma forma de reforçar o poder feminino, o júri decidiu premiar duas atrizes: a americana Rooney Mara (de "Millenium") pelo drama "Carol" e a francesa Emmanuelle Bercot por "Mon Roi" (Meu rei).
Diretor de "Carol", o americano Todd Haynes teve de responder se não achou estranho o júri ter "separado o casal de lésbicas do filme", dando a Palma de atriz a Rooney Mara, mas não a Cate Blanchett - no filme, as duas vivem uma linda história de amor impossível nos anos 50. "Rooney está notável neste filme. O trabalho das duas é o que faz a história funcionar. Mas Rooney tem o papel mais calado, de certa forma é o que segura o filme", observou.
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