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"Se você não faz TV, pensam que não está trabalhando", diz Armando Babaioff

Armando Babaioff em cena de seu próximo filme, "Mãos de Cavalo", com Mariana Ximenes - Divulgação
Armando Babaioff em cena de seu próximo filme, "Mãos de Cavalo", com Mariana Ximenes Imagem: Divulgação

Mariane Zendron

Do UOL, em Gramado (RS)

11/08/2015 11h48

Ele começou a fazer TV em 2006, mas foi como o Thales de "Ti-Ti-Ti" (2010) e o Érico de "Sangue Bom" (2013), novelas da TV Globo, que o sucesso veio para Armando Babaioff. Desde então, ele fez uma participação na série "Doce de Mãe" (2014) e sumiu da TV, mas isso não significa que o ator tenha mudado de carreira ou diminuído o ritmo.

Desde que encerrou o contrato com a Globo, no ano passado, Babaioff já fez quatro filmes, entre eles "Sangue Azul", de Lírio Ferreira, e "Introdução à Música do Sangue", longa concorrente na competição do 43º Festival de Gramado, que acontece na Serra Gaúcha até o dia 15 de agosto. "Se você não faz TV, pensam que não está trabalhando. Fazer cinema é muito louco porque você fica dois meses fora e, quando volta, seus amigos querem saber o que você está fazendo", contou ao UOL.

O próximo longa do ator, "Prova de Coragem", adaptação do romance "Mãos de Cavalo", de Daniel Galera, só chegará aos cinemas em abril de 2016. O filme estrearia em novembro deste ano, mas o interesse dos festivais de Montreux e Brasília fez com que a estreia fosse adiada. Babaioff vive o protagonista Hermano, médico que prepara uma escalada na Terra do Fogo como forma de exorcizar a culpa por não ter evitado a morte do melhor amigo na adolescência. Ele mantém os planos mesmo quando descobre que sua mulher, vivida por Mariana Ximenes, está grávida.

Para ser escolhido para "Prova de Coragem", o ator teve que investir tempo e o próprio dinheiro. Ele mora no Rio de Janeiro e soube que os testes para o filme aconteceriam em São Paulo. "Eu paguei minha passagem e fui. Disse que gostava muito do Daniel Galera e que precisava fazer esse teste. Fiquei três, quatro horas em São Paulo, participando de uma dinâmica, e voltei para o Rio. Tudo é uma questão de investimento, não só de tempo, mas de energia. Nunca tive pudor de dizer para um diretor que queria trabalhar com ele".

Apesar de ter emendado um trabalho no cinema no outro, o ator garante que todos os convites aconteceram de maneira independentes. Para o filme exibido em Gramado, o nome de Babaioff chegou para o diretor Luiz Carlos Lacerda como uma sugestão da equipe de elenco.

Armando - Reprodução/Instagram/gretaantoine - Reprodução/Instagram/gretaantoine
Babaioff em cena do filme "Introdução à Música do Sangue", exibido em Gramado
Imagem: Reprodução/Instagram/gretaantoine

O filme não agradou a maior parte da crítica do festival, mas o ator diz que lida bem com as negativas e que, às vezes, as pessoas dão opinião de maneira agressiva. "É muito louca essa coisa do festival. São muitas opiniões de todos os lados. As pessoas fazem questão de dizer, às vezes de forma agressiva, que não gostaram. É preciso parar de ver o mundo como você gostaria que ele fosse. Você pode não ter gostado, mas alguém gostou", diz.

"Sangue Azul" foi o primeiro filme de Babaioff a chegar em circuito comercial e ele diz que não sabe muito bem como foi parar no elenco. "Eu sei que eu fiz uma série no Multishow ["Do Amor", com Maria Flor] e o Lírio gostava muito".

A participação na série, segundo o ator, levou seu nome para um público diferente do que acompanhava as novelas globais. "Comecei a fazer sucesso com um público alternativo, os hipsters do Rio de Janeiro".

Falando em hispter, ele tem planos de transformar em peça o texto "Tom na Fazenda", de Michel Marc Bouchard, que já foi adaptado para o cinema pelo canadense Xavier Dolan, um dos idealizadores mais hispters do momento.

Assim como outros atores que já passaram por Gramado este ano, incluindo Camila Márdila e Karine Teles ("Que Horas Ela Volta?"), Babaioff também assume várias funções além de ator, como produtor, autor e tradutor. "Somos atores de uma mesma geração no Brasil, que sofrem com falta de investimento, mas também criamos para colocar nossos bichos para fora".

Mesmo mergulhado nos projetos mais autorais, ele garante que a volta para a TV deve acontecer em breve. "Adoro TV e gosto que ela esteja entendendo que é hora de recriar. Minha TV, por exemplo, só tem conexão com a internet. Vejo Netflix o dia todo. A TV apanha e tem que mudar".