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Oscar, Globo e Facebook abrem espaço no cinema para "Que Horas Ela Volta?"

Mariane Zendron

Do UOL, em São Paulo

17/09/2015 12h17

Elogiado pela maioria dos críticos, o filme "Que Horas Ela Volta?", de Anna Muylaert, também já alegra seus distribuidores. Entrando em sua quarta semana em cartaz, o filme já bateu 150 mil espectadores e terá o circuito de exibição ampliado em 90% a partir desta quinta (17), passando de 78 para 143 salas em todo o Brasil. Entre os motivos responsáveis pelo crescimento estão representação no Oscar, inserções em programas de destaque na Globo e a pressão do público nas redes sociais.

Apesar de ter Regina Casé no elenco e Globo Filmes participando do lançamento do longa, "esse é um filme de autor, com dinheiro de distribuição de filme de autor", frisou ao UOL a diretora da Pandora Filmes, Bárbara Sturm, responsável pela distribuição do longa. "E para um filme de autor, ele está indo incrivelmente bem", garantiu ela.

"Relatos Selvagens", argentino indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro deste ano, chegou no Brasil nos mesmos padrões que o filme de Muylaert: produção autoral com boa expectativa de público. Fez 122 mil espectadores até a terceira semana em cartaz.

Motivos para o crescimento
A guinada, pouco comum para o cinema brasileiro sem grandes investimentos, começou com o anúncio de que "Que Horas Ela Volta?" representaria o Brasil no Oscar de 2016 com a melhor chance de indicação dos últimos dez anos. Pouco depois do anúncio, Muylaert fez o prenúncio: "Espero que a notícia ajude o filme chegar mais longe", disse ao UOL.

No dia seguinte ao anúncio do Oscar, Muylaert e Casé estavam no sofá de Jô Soares. No domingo, uma reportagem no "Fantástico" também falava do filme. As inserções na maior emissora do Brasil também aumentaram a visibilidade da produção, apesar de "O Fanstástico" ter sido criticado por não abordar as contradições das relações de patrões e empregadas trazidas pelo filme.


Já com muitos fatores a favor, a queda de temperatura, principalmente no Rio e em São Paulo, também empurrou as pessoas para o cinema. "Tivemos sessões esgotadas em 50% do circuito", diz Barbara. A isso tudo somou-se ainda o fato de não haver nenhum blockbuster americano nas últimas semanas para dominar as salas. "Com certeza, a concorrência sendo menor ajuda os exibidores a terem mais espaço para um filme nacional".

Entre os leitores do UOL, no entanto, o filme não parece ser ainda tão popular. Em uma enquete que perguntava se o filme merece ser indicado ao Oscar, mais de 42% dos leitores afirmam que ainda não assistiram ao filme. "É esse público que queremos atingir a partir desta semana".

Segundo Bárbara, o filme volta a salas de grandes cinemas. "Da primeira para a segunda semana, não fomos tão bem em grandes redes e acabamos perdendo salas nesse lugares", disse Barbara. "Com a visibilidade dos últimos dias, voltamos a esses espaços e conseguimos entrar em novas cidades graças a atuação do público. Começamos uma campanha de 'peça o filme' na sua cidade. Recebemos muitos pedidos e, com isso, conseguimos mapear o interesse e pressionar o exibidor", afirmou.

A participação das pessoas ativamente também aumenta o boca a boca, a maneira mais certeira de atingir o público, segundo Bárbara, "Há muitas maneiras de um filme chegar às pessoas, mas o boca a boca é a melhor delas".