Polêmica em torno de "Chatô" obrigou Fontes a distribuir filme sozinho
Em menos de um ano, o ator e diretor Guilherme Fontes transformou uma de suas empresas, a Milocos Entretenimento, em distribuidora e, aos poucos, começou a investir. O objetivo era ter dinheiro suficiente para distribuir sozinho seu filme "Chatô - Rei do Brasil", caso não entrasse em acordo com distribuidoras tradicionais do mercado. E foi isso que aconteceu.
Fontes disse ao UOL que foi "muito difícil juntar recursos para a etapa final da produção" do filme, que começou a ser produzido em 1995, e disse que tinha certeza de que não seria fácil um acordo com distribuidoras. Tudo por causa das diversas acusações de mau uso do dinheiro de leis de incentivo, das quais ele utilizou para o longa.
O diretor tentou negociar com duas distribuidoras brasileiras: a Europa, que confirmou ter havido discussão, mas sem acordo; e a Playarte, que não quis comentar assunto. Segundo Fontes, só essas duas empresas foram cogitadas. "Não fechamos negócio por uma questão meramente burocrática", disse ele. "Eu tinha um pouco de medo. Eu achava que distribuidor era aquele que chegava e levava seu filho embora, mas não. As duas tiveram muito carinho por meu filme".
Estou mais preocupado, agora, de que não deixem de pensar e falar sobre o filme, mas só depois de assisti-lo. Quem falou, excomungou, xingou, essa é a chance de não ficar de bobo da parada.
Guilherme Fontes, sobre polêmica em torno de "Chatô"
Com a negativa das distribuidoras, Fontes decidiu encarar sozinho a empreitada. "Esse mundo digital de hoje em dia aproximou, simplificou e barateou essa operação", ele diz.
"Chatô" terá um lançamento inicial de 40 cópias em formato digital, sendo 25 distribuídas em São Paulo e 15, no Rio. Segundo Fontes, o filme será exibido nas principais cadeias de cinema --Cinemark, Cinépolis, Kinoplex, UCI, Grupo Estação, Espaço Itaú. Na semana seguinte, o cineasta planeja lançar o longa nos demais estados do Brasil, com um total de 150 cópias. "Fazer esse trabalho tem sido minha nova paixão, porque distribuir é a mesma excitação que os atores têm na noite de estreia. É muito excitante saber que você está envolvido nos processos básicos de lançamento".
No final de 2014, Fontes foi condenado pelo TCU (Tribunal de Contas da União) a devolver R$ 71 milhões aos cofres públicos por ter usado dinheiro obtido através de leis de incentivo e ainda não ter lançado o filme. O diretor recorreu e ainda aguarda nova decisão. À reportagem, o TCU afirmou que pediu para que a Ancine (Agência Nacional do Cinema) avaliasse a obra, mas ainda não há resultado sobre isso. Para Fontes, o processo será vencido. "Tenho vencido os processos que me foram imputados incorretamente", ele disse.
Fontes disse que não se preocupa com o que pensam dele hoje em dia. "Estou mais preocupado, agora, de que não deixem de pensar e falar sobre o filme, mas só depois de assisti-lo. Quem falou, excomungou, xingou, essa é a chance de não ficar de bobo da parada". Tanta especulação em torno do filme, disse ele, tem sido ótimo para o marketing. "Se eu ganhasse um prêmio agora seria o de marketing, porque nunca fizeram tanta propaganda do assunto. Mas só vou ganhar esse prêmio se tiver público".
Para assistir ao filme, Fontes tem uma recomendação. "Tem que assistir ao filme duas vezes". Segundo ele, a dica não tem qualquer relação com aumentar a venda de ingressos. "É para você pegar todos os detalhes".
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