Desafio de "Guerra Civil" é balancear participações, dizem diretores
Depois que foram publicadas as primeiras reações a “Capitão América: Guerra Civil” na imprensa americana, o que mais se lia era que “a melhor parte do filme” era a aparição do Homem-Aranha. Outro personagem bastante saudado foi o Homem-Formiga. Em comum, eles têm o fato de não serem personagens principais do filme.
Um dos verdadeiros protagonistas do novo longa --Robert Downey Jr., intérprete de Tony Stark, personagem notório por ter um ego inflado-- comentou o sucesso dos coadjuvantes. "Apenas psicopatas não são capazes de abrir espaço para que outros talentos brilhem", comentou ele, respondendo ao questionamento do UOL durante uma entrevista coletiva. Mas, ao final, não perdeu a oportunidade de fazer piada: “Isso até ler essas críticas de que você está falando, claro!”
Brincadeiras à parte, fica a questão: essas reuniões de super-heróis, uma dinâmica muito comum nas histórias em quadrinhos, estão sendo usadas no cinema como plataforma de divulgação (ou de teste) para futuras produções dos estúdios?
Os irmãos Anthony e Joe Russo, diretores de “Guerra Civil”, dizem que não. Segundo eles, seu papel não é se preocupar com publicidade, e tanto o Homem-Aranha quanto o Homem-Formiga estão ali apenas para dar aquilo que chamamos de “alívio cômico”.
“Não nos preocupamos com publicidade, apenas em como contar uma boa história, que seja surpreendente, interessante e divertida. Construímos uma história pesada com Capitão América, então temos que contrabalançar, pois o filme tem que ser emocional e divertido ao mesmo tempo", diz Anthony Russo. "Por isso trazemos o Homem-Aranha e o Homem-Formiga, para dar uma história mais leve ao conflito central”, completa o diretor, que em dezembro veio ao Brasil e contou ter usado a polarização política do país na trama que coloca Capitão América e Homem de Ferro em confronto.
Outra preocupação, segundo os diretores, foi dosar o tamanho das participações, pois, ao mesmo tempo que querem dar uma relaxada no público, não podem permitir que o longa vire aquilo que foi alvo de críticas em "Batman vs Superman" -- acusado de tornar a história central tão inconsistente a ponto de Mulher Maravilha roubar a cena nos poucos minutos em que aparece.
Além de manter o foco nos protagonistas, dizem eles, é importante agradar a quem vai assistir ao filme querendo ver seu personagem preferido em ação, mesmo que ele não seja o principal.
“O filme não pode ser tão longo, por isso balanceamos a história. Sabemos que alguém irá ver o filme sabendo que alguns de seus personagens favoritos aparecerão. Nosso trabalho é dar a eles uma experiência completa, mesmo que seu personagem apareça pouco. Além disso, esses personagens todos são interpretados por excelentes atores, seria um desperdício não aproveitá-los. Nós os tratamos como personagens especiais, mesmo que não seja a história principal”, continua Anthony.
Para chegar ao resultado que queriam, os irmãos não se dividiram na direção segundo cada time de heróis, mas atuaram em conjunto.
“Não dirigimos os times separadamente", explica Joe Russo. "E foi um longo processo para definir qual personagem estaria em cada time. Eles são uma família, para a qual é apresentado um problema controverso que leva esses membros da mesma família a ter que escolher um lado. Ao mesmo tempo, nenhum personagem é colocado como o antagonista da história. Tony Stark e Steve Rogers têm razões emocionais para fazer o que fazem. Esperamos que, ao fim do filme, o público tenha esse conflito de não saber quem é o certo e quem é o errado. Isso deixa a história mais complexa."
O terceiro ponto, também muito importante neste filme, é que mesmo quem não assistiu a todos as produções deste universo (o que inclui três “Homem de Ferro”, dois "Vingadores", dois “Capitão América” e um “Homem Formiga”, entre outros) possa entender a história.
Joe explica: “Desde o primeiro ‘Homem de Ferro’ e do primeiro ‘Capitão América’, nós nos divertimos sem necessariamente ter visto todos os filmes. Então este sempre foi um ponto muito importante para nós como diretores. Conforme esses filmes vão ficando cada vez mais populares e o público aumenta, você tem que jogar com aquilo que chamamos de ‘olhos frescos’ [os novos espectadores] e, ao mesmo tempo, com os espectadores ‘hardcore’, que é quem somos também”, conclui.
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