"É como se tivesse perdido um pai", diz Charlie de "A Fantástica Fábrica"

Protagonista de "A Fantástica Fábrica de Chocolates", o ex-ator Peter Ostrum jamais havia pisado em um set de filmagem antes de ser escalado para como o garoto Charlie no filme. E Gene Wilder, o eterno Willy Wonka que morreu nesta segunda (29), mostrou a ele o "caminho dos doces". Hoje, é como se tivesse "perdido um pai".

"Você sabe que vai acontecer, mas [a morte] ainda assim é um choque. Ele não estava bem de saúde e não foi algo inesperado. Mas, quando acontece, você percebe que Gene realmente se foi e nunca haverá alguém como ele", disse em entrevista à revista "Variety".

Há décadas longe o showbiz, Ostrum deixou a carreira de ator ainda na infância. Atualmente, ganha a vida trabalhando como veterinário no interior dos Estados Unidos. Mas ele continuou acompanhando os filmes de Wilder.

"Minha intuição é que Willy Wonka não era o seu papel favorito", afirmou. "Mas é um papel que as pessoas vão se lembrar por várias gerações."

Conhecido pelo talento e também pela imprevisibilidade, Gene surpreendeu o elenco infantil de "A Fantástica Fábrica" particularmente em duas ocasiões. A primeira, segundo Ostrum, foi na cena em que recebe as crianças nos portões da fábrica, deixando a bengala cair e, em seguida, dando uma inesperada cambalhota.

A segunda, na famosa passagem do passeio de barco, em que Wonka profere um assustador discurso sobre o rio de chocolate da fábrica, dando toques de pesadelo infantil à viagem.

"Ele era tão peculiar. Você nunca sabia o que esperar de Gene. Ele nunca te permitia saber para onde estava indo, seja para ler o roteiro ou transmitir uma expressão. É por isso que o filme funciona, porque fez o Wonka ser tão imprevisível."

Peter Ostrum recorda ainda com carinho os momentos divididos com o ator no set do longa, que foi rodado em Munique, na Alemanha.

"Nas pausas para o almoço, Gene e eu sempre comprávamos uma barra de chocolate e a dividíamos no caminho de volta ao set."

Embora não tenha continuado no cinema, ele se diz grato pela oportunidade de conhecer e trabalhar com Gene Wilder e Jack Albertson, que interpreta o avô de Charlie na história.

"Por ter feito um filme e ser associado a Jack e Gene, eu sinto como se realmente tivesse encontrado o bilhete dourado."