Petista em "Real", Juliano Cazarré discorda de boicote a filmes de direita
"Real - O Plano por Trás da História" está pronto para estrear nos cinemas no próximo dia 25 na esteira de uma polêmica. Adaptado da obra de Guilherme Fiúza, "3.000 Dias no Bunker", sobre os bastidores da criação da moeda em 1993, o longa foi um dos pivôs (ao lado de "O Jardim das Aflições", sobre o filósofo Olavo de Carvalho) do protesto de alguns diretores no Cine PE, festival que aconteceria neste mês no Recife.
A divulgação completa da programação – que incluía o thriller político como filme de abertura – caiu mal entre realizadores e críticos que enxergaram um “discurso partidário alinhado à direita” na seleção. Resultado: Com sete filmes a menos na competição, o evento foi postergado.
No papel de um senador petista fictício, o ator Juliano Cazarré recebeu a notícia com surpresa “e uma certa preguiça”, revelou em conversa com os jornalistas.
“É óbvio que eles vão reclamar, a gente sabe do peso da ideologia de esquerda dentro do mundo do cinema lá”, disse, ao ressaltar o valor da produção pernambucana no cinema nacional. “Mas pra mim é quase incompreensível que uma pessoa esclarecida a ponto de ser cineasta não consiga conviver com um filme que traz um ponto de vista com o qual você não comunga”.
Cazarré retorna aos cinemas após o elogiado “Boi Neon”, do pernambucano Gabriel Mascaro, que no ano passado também fez protesto semelhante na disputa pela indicação ao Oscar de filme estrangeiro. Na época, o diretor disse enxergar "imparcialidade questionável" no processo de escolha do filme que representaria o Brasil.
O caso, ele conta, o fez entender o poder do protesto. “Por um lado eu vejo solidariedade, vejo uma pessoa sendo honesta com suas visões políticas, mas por outro eu vejo que a ideologia entra na frente do cinema. Nessa hora a arte poderia falar mais alto”.
Filme de direita?
Na pele do economista Gustavo Franco, personagem central de “Real”, o ator Emílio Orciollo Netto conta que foi atraído pela carga dramática da história. O ator dá voz principalmente à filosofia do ex-presidente do Banco Central, que destila, durante todo o filme, frases pesadas contra o pensamento comunista e desenvolvimentista na área econômica. “Penso o oposto, mas sou ator. Não é porque eu faço um bandido, que eu sou um bandido”, rebateu.
O roteirista Mikael Albuquerque (de “A Glória e a Graça”) garantiu que o carimbo de “filme de direita” após o protesto não faz jus ao filme. “Nós não nos amarramos na tentativa de agradar os personagens reais do filme”, defendeu. “Gustavo Franco não é um herói com um comportamento imaculável. Ele tem atitudes questionáveis, mas esses personagens têm que ter o direito de existir para que o debate seja gerado.”
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