Aplausos e "Fora Temer" marcam estreia de "Legalize Já!" no Festival do Rio
Marcelo D2 era a pessoa mais feliz que alguém poderia encontrar na noite da última sexta-feira (6): antes mesmo de atravessar o tapete vermelho da estreia de "Legalize Já!", que retrata o início do Planet Hemp na telona, o cantor já estava em ritmo de festa.
Tomou cerveja com amigos, posou para selfies com fãs e vibrou em cada encontro com o elenco e a equipe do filme no Odeon, tradicional cinema no Centro do Rio, que ficou lotado para a sessão de gala, que reuniu famosos como Nathalia Dill, Lúcio Mauro Filho, Caio Paduan, Júlia Konrad, Paloma Bernardi e Thaila Ayala. Horas antes, no entanto, ele era só lágrimas.
"Já chorei à beça. Fico nervoso quando faço um show novo ou lanço um disco, mas hoje estou me sentindo um catalisador de amor. Não foi fácil chegar até aqui, sobreviver aos anos 90 nesse lugar violento, que agora voltou a ser assim, fazer o que eu fiz. Fazer filme todo mundo faz, mas virar filme é foda", brinca o vocalista, que também fez a trilha sonora do longa. "Não dava para ser outra pessoa fazer, eu ia ficar de olho", diz.
O discurso emocionado voltou a acontecer no palco, pouco antes da exibição, que atrasou cerca de uma hora. Apesar de os envolvidos no filme - os protagonistas Renato Góes e Ícaro Silva, e os diretores Johnny Araújo e Gustavo Bonafé - afirmarem que a história era mais sobre amor do que propriamente drogas, o tema, assunto recorrente nas letras da banda acabou sendo citada na sessão.
Foi quando D2 comentou que completa 50 anos no próximo mês e ganhou assovios de elogio. Na hora, ele retrucou "É a maconha", provocando gargalhada geral. Logo os gritos de "Legalize" e "Fora Temer" começaram na sala, que riu bastante durante várias passagens e aplaudiu de pé o filme.
O longa já teve o nome provisório de "Anjos da Lapa" e agora, no lançamento oficial, ganhou um título com uma cara mais da banda, segundo Araújo.
"'Legalize Já!' é muito poderoso. O Marcelo carregou essa bandeira da liberdade de expressão por muito tempo. O filme não é sobre maconha, esse é um filme de ficção, uma história de amor. 'Legalize Já!' é sobre seu direito de cidadão de se vestir do jeito que você quiser, de assumir sua homossexualidade, de falar o que você pensa", afirma o cineasta.
A formação do Planet Hemp está contada no filme, rodado na região da Lapa e do Centro do Rio de Janeiro. No entanto, a história, que tem roteiro final de Felipe Braga, foca na relação entre D2 (Góes), então um camelô no Rio de Janeiro sem ambição de uma carreira profissional na música, e Skunk (Silva), o grande incentivador do grupo. Soropositivo, o ex-integrante morreu em 1994, antes do estouro da banda no cenário nacional.
"Eu não tinha tanto material, porque não tinha tanta coisa gravada do Skunk. Mas a maior preparação que eu tive foram as conversas com o Marcelo. Toda vez que ele falava no Skunk, parecia que ele estava vivo", conta Silva.
Góes, que chegou a montar uma banda durante a época da filmagem e morou no mesmo bairro que D2 como laboratório, diz que o Planet fez parte de sua adolescência. "Eu me identificava com essa coisa de quebrar paradigmas, vencer barreiras em relação a assuntos que você tem dificuldade de falar. Aprendi muito ali", afirma.
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