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Léa Seydoux injeta vida em drama de época "Adeus, Minha Rainha"

Neusa Barbosa

Do Cineweb*

13/06/2013 19h05

A Revolução Francesa é vista pelos seus bastidores no vibrante drama de época francês "Adeus, Minha Rainha", de Benoît Jacquot. Protagonizado por Léa Seydoux ("Meia-Noite em Paris"), o filme concorreu no Festival de Berlim 2012 e venceu três César na França - melhor fotografia, figurino e cenografia. A produção estreia no Rio de Janeiro e tem pré-estreias em São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador e Goiânia.

O uso da câmera na mão em várias sequências é perfeito para retratar a instabilidade dos quatro dias em se passa a história, de 14 a 17 de julho de 1789. Filmado quase inteiramente em locações no Palácio de Versalhes, "Adeus, Minha Rainha" ganha um clima de realidade, seguindo os passos de Sidonie Laborde (Léa Seydoux), a leitora particular da rainha Maria Antonieta (Diane Kruger).

Optando por um mergulho na intimidade do núcleo central da monarquia nos seus últimos dias, o veterano diretor Jacquot sacode a poeira habitual dos filmes de época, focalizando os sentimentos de Sidonie, da rainha, da nobreza e dos serviçais à sua volta.

TRAILER LEGENDADO DE "ADEUS MINHA RAINHA"

Sidonie é a encarregada de entreter a rainha, lendo para ela trechos de livros de sua biblioteca e também revistas de moda, quando ela se entedia - o que ocorre com frequência. Quando isso acontece, a diligente camareira real, madame Campan (Noémie Lvovsky), encarrega-se de retirar Sidonie do quarto. Mas ela sempre deve ficar por perto. Sua missão, como a de outras serviçais, é estar ao alcance dos chamados, que não têm hora para ocorrer.

Esta ordem rígida é rompida no dia 14 de julho. Não se sabe ainda muito bem o que aconteceu fora dos muros de Versalhes, mas a inquietação nos corredores é visível. Sidonie usa os seus melhores contatos para descobrir a causa da agitação, como o sempre bem-informado arquivista do palácio, o velho sr. Moreau (Michel Robin).

As notícias da queda da Bastilha e da revolta popular que toma conta das ruas da França não entusiasmam Sidonie. Bem ao contrário. A devotada leitora preocupa-se com a sorte de sua rainha, por quem nutre uma afeição extrema, que pode ser vista como uma forma de amor. O fato de que Maria Antonieta tem uma amante e protegida, a duquesa de Pontignac (Virginie Ledoyen), abala Sidonie, mas não o bastante para abandonar a rainha, coisa que nobres e plebeus estão fazendo a cada dia. Especialmente os primeiros, cujos nomes frequentam a lista daqueles que em breve serão guilhotinados.

Ao assumir o ponto de vista de Sidonie, o diretor Jacquot - que adaptou, com Gilles Turand, um romance da autora Chantal Thomas - permite-se humanizar a figura da rainha, do rei Luís 16 (Xavier Beauvois) e dos nobres apavorados. Nem por isso, os idealiza, nem toma seu partido. Apenas se permite olhar para o período com o distanciamento que o tempo permite, injetando vida em cada personagem.

*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb