Gravar em navio é única ousadia de "Meu Passado me Condena: O Filme"
Se não há novidade na origem da comédia "Meu Passado me Condena - O Filme", estrelada por Fábio Porchat --baseada na série homônima do canal a cabo Multishow--, pelo menos as locações foram originais. O filme foi realizado praticamente dentro de um navio, com passageiros e tripulação reais e velocidade de edição quase instantânea.
Essa opção representou um trabalho hercúleo para a produtora Mariza Leão, responsável por filmes como "Vendo ou Alugo" e "De Pernas para o Ar 2". Afinal, juntamente com Tati Bernardi (roteiro) e Julia Rezende, sua filha (direção), ambas da série, filmou-se toda a saga do casal Fábio (Porchat) e Miá (Miá Mello) em pouco mais de 20 dias. Pior: sabendo que não poderiam voltar a gravar, caso ocorresse algum problema.
Na história, a recém-casada dupla de comediantes (como usam seus nomes reais, é fácil juntar persona e personagem) parte para um cruzeiro que chegará à Itália, sonho de Miá. Porém, o relacionamento será colocado à prova, graças ao acaso e ao plano mirabolante forjado pela dupla Suzana (Inez Viana) e Wilson (Marcelo Valle), tripulantes do navio, que veem no casal uma possibilidade de ganhar um dinheiro extra.
Durante a viagem, Miá reencontra um antigo namorado, Beto (Alejandro Claveaux), que agora é um bem-sucedido empresário. Rico, famoso e bonito, em contraste com o avarento Fábio, Beto quer Miá de volta, a despeito de seu casamento com Laura (Juliana Didone). Por sua vez, Laura é a paixão de infância de Fábio, que vê nele a possibilidade de escapar de um casamento fracassado.
Com um roteiro que estimulou a improvisação dos protagonistas, a comédia romântica contou também com a sorte para ser realizada. Segundo a produtora Mariza Leão, toda a história e seu financiamento foram levantados a partir da ideia de filmar em um navio, disponibilizado por um produtor associado. Quando descobriram que a embarcação não estaria mais disponível, correram para as empresas do ramo para conseguir concluir o projeto.
Como não havia maneira de dispor de um cruzeiro para as filmagens, a solução foi realizar o filme durante uma viagem convencional, incluindo os passageiros e tripulação como coadjuvantes voluntários. Um trabalho extenuante, já que a equipe não podia mexer na programação original do percurso.
Com participação especial de Elke Maravilha e Rafael Queiroga, "Meu Passado me Condena" sofreu com as limitações impostas pela empreitada. Entre elas, uma edição quase simultânea às filmagens, inviabilizando novas tomadas, e o ruído do entorno, que obrigou a dublagem de várias cenas pelos próprios atores (cerca de 10 por cento, mas que na tela parecem muito mais).
O resultado é irregular, mas obviamente vale-se do timing cômico dos protagonistas como forma de compensação. Em especial de Porchat, que faz seu próprio estilo de comédia, reconhecido no projeto "Porta dos Fundos", shows stand up e em séries de TV. A questão a ver, aí, é justamente essa atuação constante e unidimensional do ator em todas essas produções. E colar ator à personagem, como faz esta produção, não contribui nada para fazer qualquer diferenciação.
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