"Quero Matar Meu Chefe 2" extrai graça do nonsense e do elenco
Se no primeiro filme, de 2011, os protagonistas de "Quero Matar Meu Chefe" pareciam ter perdido o senso do ridículo, a sequência, que estreia nesta quinta (4), mostra que o nível de estupidez dos personagens é tão alto que conseguiu ser transformado numa virtude.
Jason Bateman, Charlie Day e Jason Sudeikis (Nick, Dale e Kurt, respectivamente) fazem aqui uma comédia de absurdos, que desliza em pontuais baixarias, mas é engraçada e robusta, muito bem escorada na espontaneidade do trio. Os três amigos, que antes enfrentavam as agruras de terem patrões monstruosos, e daí a sanha em eliminá-los, agora, finalmente realizam o sonho americano do empreendedorismo.
Fiados em uma invenção de Dale, o "shower buddy" (uma espécie de ducha 3 em 1, que já vem com xampu e sabonete), passam apuros para divulgar a própria marca, especialmente em um programa de TV, quando se apresentam como uma máquina de vexames. Decididos a conseguirem um investidor disposto a ajudá-los a produzir e distribuir a invenção, contatam Bert Hanson (Christoph Waltz), um magnata do ramo varejista.
Ele propõe ao trio comprar 100 mil peças, mas acaba enganando os desavisados, que se veem obrigados a declarar falência e ainda a procurar o ex-chefe de Nick, Dave Harken (Kevin Spacey), que está na cadeia. Para salvar seu negócio, premeditam o sequestro do primogênito de Bert, Rex (um irreverente Chris Pine), playboy imaturo com sérios problemas a resolver com o pai. E procuram a ajuda de consultor para estes assuntos, o já conhecido Dean 'Motherfucker' Jones (Jamie Foxx).
Mas a inépcia dos protagonistas, somada à idiotice, fazem com que os planos tomem rumos diferentes, repletos de reviravoltas --incluindo a participação da predadora sexual Julia (Jennifer Aniston). A agilidade do filme, escrito e dirigido por Sean Anders, co-roteirizado por John Morris, dupla que já trabalhou junta no divertido "Família do Bagulho" (2013), pode ser pontuada pelo texto, mas o vigor é mesmo do elenco.
Como ocorreu no filme anterior, é o trio de pirados, cada um à sua maneira, quem dá formato ao humor, amparado também no excelente trabalho dos celebrados coadjuvantes. É essa empatia, com muito improviso, a razão de existir desta sequência. E mostra que a estupidez pode ser, sim, uma vantagem.
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