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Relação entre garoto e robô gigante rouba a cena em "Operação Big Hero"

Nayara Reynaud

Do Cineweb, em São Paulo*

23/12/2014 14h51

Primeira animação do estúdio Disney baseada em uma história em quadrinhos da Marvel, empresa da qual é dona desde 2009, "Operação Big Hero", que estreia nesta quinta (25), retrata o grupo de super-heróis japoneses Big Hero 6, que surgiu em 1998, mas, até então, era desconhecido no mercado ocidental, mesmo tendo aparecido em um arco da série de HQs do Homem-Aranha, dois anos atrás.

Entretanto, foi essa condição que influenciou na escolha da Disney, pois assim poderia adaptar os personagens da editora à sua própria maneira.

Por isso, o longa de Don Hall ("O Ursinho Pooh") e Chris Williams("Bolt: Supercão") leva o Japão ao Ocidente, apresentando a híbrida metrópole de San Fransokyo, fusão da capital nipônica com a cidade californiana, que abriga um grande número de imigrantes orientais e descendentes. Além da mistura da Golden Gate e das típicas ladeiras e casas de San Francisco com os arranha-céus e arcos de Tóquio, une-se a paixão japonesa pela robótica ao espírito tecnológico do estado norte-americano, onde surgiram as maiores empresas da área de tecnologia, no Vale do Silício.

Neste cenário, o público conhece o protagonista Hiro Hamada, um adolescente-prodígio que usa sua inteligência para construir mini-robôs que disputam lutas clandestinas, atividade em que ele ganha seus trocados. Seu irmão Tadashi, modelo para o garoto desde que ficara órfão na tenra idade, consegue convencer o jovem a utilizar melhor seus conhecimentos, levando-o para a universidade onde realiza pesquisas avançadas. Mas aí uma tragédia muda os rumos da vida de Hiro.

Ao conhecer o robô "agente de saúde" Baymax, resultado do projeto ao qual seu irmão se dedicava, ele decide iniciar seu plano de vingança. Nele, estão incluídos o grande autômato de vinil e, posteriormente, os amigos de Tadashi no centro de pesquisa: a alternativa GoGo, o metódico Wasabi, a delicada Honey Lemon e o tranquilão Fred --dublados na versão brasileira pela blogueira Kéfera Buchmann, o ator e humorista Robson Nunes, a atriz Fiorella Mattheis e o apresentador Marcos Mion, respectivamente.

Trailer dublado de "Operação Big Hero"

O grupo de nerds forma uma aliança de super-heróis que, em vez de superpoderes, utiliza aparatos que são frutos de seus estudos --uma grande sacada do filme, pois torna a ciência algo interessante para o público infantil. No entanto, eles estão mais para o bando do Scooby-Doo do que para os Vingadores ou a Liga da Justiça, ainda mais porque os quatro pesquisadores heroicos são pouco explorados no roteiro.

Embora haja certa surpresa na revelação da identidade do vilão, ainda assim a dinâmica da luta entre os jovens e o malvado Yokai não foge do comum. Falta ao longa um pouco de ousadia, aquele toque Pixar (que também pertence à Disney), a cujo padrão o espectador já se acostumou. Ainda assim, pelo menos a relação de Hiro com seu robô foi primorosamente construída --lembrando "O Gigante de Ferro" (1999), de Brad Bird.

Com um corpo inflável e estrutura que remetem ao homem-marshmallow de "Os Caça-Fantasmas", Baymax é puro carisma nas cenas impagáveis dele tentando lidar com seu porte avantajado ou com acidentes de percurso. Muito mais porque, por ter sido construído com a finalidade de fazer seus pacientes não sentirem mais dores, ele faz de tudo para aplacar o sofrimento de Hiro, proporcionando momentos tocantes.

Por fim, vale lembrar que o filme tem dois bônus imperdíveis. Antes da exibição nos cinemas, o público poderá conferir o curta "O Banquete", um forte candidato ao Oscar, que mostra a relação de um cãozinho esfomeado e seu dono. E, ficando na sala até o final, vê-se uma cena pós-créditos hilária, com uma aparição surpresa que agradará aos aficionados por HQs.

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb