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Ficha completa do filme

Drama

No Caminho dos Elefantes (1954)

Resenha por Sérgio Alpendre

Sérgio Alpendre

Da redação 01/01/2005
Nota 4
No Caminho dos Elefantes

Elizabeth Taylor já era uma estrela, com papéis importantes em "O Papai da Noiva" (Vincente Minnelli, 1950), "Um Lugar ao Sol" (George Stevens, 1951) e "Ivanhoé" (Richard Thorpe, 1952), quando aceitou substituir Vivien Leigh em "No Caminho dos Elefantes", contracenando com Dana Andrews e Peter Finch.

O fato de ter apenas 21 anos, apesar da personagem exigir (ao menos na aparência) alguém no mínimo dez anos mais velha para interpretá-la, não atrapalhou seu desempenho como a bela inglesa que se casa com um fazendeiro e vai morar com ele no Ceilão.

Ela descobre que o palácio que abriga a todos, empregados e aproveitadores, foi construído bem no meio do caminho que os elefantes faziam para buscar água, o que sempre causa atritos entre os paquidermes e os habitantes da fazenda.

Estamos diante do velho conflito entre o homem e a natureza, tema explorado por uma variedade de filmes em Hollywood (e também alhures, mas não vem ao caso aqui).

Peter Finch está muito bem como o marido fazendeiro que tem a personalidade dominada por seu falecido pai. Dana Andrews é o capataz por quem Liz se sente atraída, mais por sentir que não tem espaço para ela naquela habitação do que por pulsão carnal de fato.

Não é difícil prever o desfecho do filme. A natureza quase sempre vence o homem no cinema, e a crescente tensão dos personagens parece contaminar o ambiente, provocando, também, um aumento de tensão nos elefantes. O que vai acontecer é telegrafado o tempo todo, mas isso não atrapalha a fruição do espectador (ou ao menos não devia atrapalhar).

Pensando no desafio entre o humano e si mesmo, somente pela ruptura é possível escapar de uma dominação. O fazendeiro contempla o desafio e se torna herói, na acepção da palavra; não como um personagem romântico, mas como uma pessoa dilacerada que encontra um motivo para se libertar da prisão imposta pelo pai.

"No Caminho dos Elefantes" não costuma receber elogios da crítica. Quando lançado em DVD nos EUA, foram poucos os críticos que demonstraram paciência com o ritmo lento e o exotismo (bem dosado e nunca invasivo) do filme. Injustiça. Não está entre os melhores filmes de William Dieterle, diretor alemão radicado nos EUA, onde realizou obras sublimes como "O Corcunda de Notre Dame" (1939), "O Homem Que Vendeu a Alma" (1941) e "O Retrato de Jennie" (1948). Mas vale sobretudo pela utilização dos espaços grandiosos do palácio e da paisagem natural; do trabalho de som, com os elefantes contribuindo para o clima de tensão do palácio; e - por que não? - do ritmo contemplativo de suas imagens.

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